Às vésperas de concluir sua reforma ministerial, a presidente Dilma Rousseff demitiu por telefone o ministro da Saúde, Arthur Chioro, prometeu dar sete ministérios ao PMDB e voltou a ser pressionada para substituir o petista Aloizio Mercadante na chefia da Casa Civil.
O partido, que controla hoje seis ministérios, negocia com Dilma a ampliação de seu espaço no governo em troca de garantias de apoio à petista no Congresso.
Em outro movimento, a presidente avaliava na noite desta terça (29) a situação de Mercadante. Quatros interlocutores que estiveram com ela nos últimos dias disseram à Folha que petistas e peemedebistas voltaram a defender a saída do ministro, ideia que Dilma chegou a descartar, mas que voltou a considerar.
A petista passou a terça em negociações para fechar a nova equipe, com a qual espera recompor sua base aliada para aprovar o ajuste fiscal e evitar a abertura de um processo de impeachment. Além do PMDB, a presidente tenta trazer o PSB de volta ao governo.
A intenção de Dilma é anunciar as mudanças na quinta (1º), quando espera que o Congresso já tenha votado e mantido vetos presidenciais impostos a projetos que aumentam os gastos públicos, como o que reajusta o salário dos servidores do Judiciário.
Nesta terça, Dilma indicou cedo ao vice-presidente Michel Temer que pretende ampliar de seis para sete ministérios a cota do PMDB no governo. Já está definido que os senadores Eduardo Braga (Minas e Energia) e Kátia Abreu (Agricultura) serão mantidos.
Dois deputados do partido entrarão no ministério. Para a Saúde, o mais cotado atualmente é o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), que é médico. A segunda pasta ainda está sendo negociada. As opções são a Cultura, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e o da Ciência e Tecnologia.
Do grupo de Temer, Eliseu Padilha deve continuar na Aviação Civil e Henrique Eduardo Alves no Turismo. Já Helder Barbalho, filho do senador Jáder Barbalho (PMDB-PA), deve trocar a Pesca, que será extinta, pela pasta dos Portos, que não será mais fundida com Aviação Civil.
Lula é esperado em Brasília nesta quarta (30) para ajudar a presidente a concluir as negociações da reforma. Uma de suas missões é acalmar o PT, insatisfeito com a perda da Saúde e também com a fusão de três secretarias (Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos) no Ministério da Cidadania.
Caso deixe a Casa Civil, Mercadante pode voltar para a Educação e ser substituído por Jaques Wagner (Defesa). Para o seu lugar, iria Aldo Rebelo, hoje na Ciência e Tecnologia. Pasta que estava sendo oferecida tanto ao PMDB como ao PSB, que já comandou a área e Dilma quer atrair de volta para o governo.