Folha de S. Paulo


Ária que dá nome à nova fase da Lava Jato descreve obsessão pela verdade

"Nessun Dorma" (ninguém durma), título da 19ª fase da Operação Lava Jato, é a ária mais popular da ópera Turandot, do italiano Giacomo Puccini (1858-1924). A ária descreve a obsessão pela busca da verdade.

A ópera de Puccini retrata a antiga Pequim imperial. A bela e cruel princesa Turandot decide que vai se casar com um homem de linhagem real que consiga responder a três enigmas. Candidatos que fracassarem são executados.

Calaf, um príncipe exilado, viaja para Pequim incógnito e, encantado por Turandot, vence o desafio. No entanto, a princesa volta atrás e pede para seu pai que a libere do compromisso. Magnânimo, o Príncipe Desconhecido faz uma contra-oferta: se ela descobrir seu nome, ele a liberta da promessa de casamento e se oferece espontaneamente ao carrasco para execução.

É no terceiro ato que Turandot ordena que "nessun dorma" –que ninguém na cidade durma– até que a identidade do príncipe desconhecido venha à tona. Todas as tentativas de obter a informação –inclusive, à base de tortura– fracassam. No final, Calaf que beija a princesa e revela a própria identidade sob risco de execução.

Tal qual beneficiários de delações premiadas que revelam segredos, Calaf tem a morte comutada em forma mais branda de restrição de liberdade: o amor de Turandot.

Amante de Wagner e Debussy, Giacomo Puccini é autor de óperas célebres como La Bohème (1896), Tosca (1900) e Madame Butterfly (1904).

Turandot foi encenada pela primeira vez dois anos após a morte do autor. "Nessun Dorma" virou pop na voz de Luciano Pavarotti (1935-2007). Ao associar-se aos espanhóis José Carreras e Plácido Domingo, Pavarotti interpretou a ária, que se tornou a trilha sonora da Copa do Mundo de 1990.

A despeito de fazer a crítica espumar pela sucessão de chavões, o concerto dos três tenores foi o álbum de música clássica mais vendido de todos os tempos, com cerca de 10 milhões de exemplares.

DELEGADO

Questionado sobre a escolha do nome, o delegado Igor Romário de Paula, que integra a força-tarefa da Lava Jato, afirmou: "Fica como dica para quem achava que a Lava Jato estava diminuindo suas ações".

Os delegados preferiram não comentar a referência ao "príncipe desconhecido".


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