A cúpula do PMDB se recusou nesta segunda (21) a indicar nomes para compor a nova equipe que a presidente Dilma Rousseff está montando depois de pressionada, pelos próprios peemedebistas, a fazer uma reforma no primeiro escalão com a redução dos atuais 39 ministérios.
Dilma ouviu do vice-presidente Michel Temer e dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que eles preferiam deixá-la à vontade para escolher os novos ministros.
O movimento da cúpula peemedebista gerou preocupação no Palácio do Planalto porque foi interpretado como mais um sinal de que a sigla se prepara para romper com o governo, como defende uma ala do partido.
Os três aprovaram os cortes no ministério neste momento de crise econômica, mas disseram que não é hora de negociar nomes para cargos no governo federal.
Em novembro, o PMDB vai discutir em um congresso se mantém o apoio à presidente ou entrega seus cargos, ficando em posição independente ou indo para a oposição.
A reação dos peemedebistas levou assessores presidenciais a concluir que Dilma precisa fortalecer o PMDB, oferecendo à sigla um ministério de peso da área social, como Saúde ou Educação.
Nas conversas desta segunda, segundo os peemedebistas, a presidente só fez a consultas sobre nomes, mas não chegou a mencionar pastas.
Dilma começou o dia chamando Temer para uma conversa, para contornar o desconforto criado no fim de semana quando a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, entrou em contato com líderes do PMDB para discutir nomes para o novo ministério.
A operação foi considerada mais uma trapalhada do governo Dilma. Lideranças do partido lembraram que a senadora peemedebista não fala em nome da sigla.
DISCURSO
Temer foi o primeiro a dizer a Dilma que não faria indicações. No início da tarde, Renan repetiu o discurso, afirmando que não cabia a ele, como presidente do Senado, sugerir nomes e que preferia discutir medidas para melhorar as contas públicas.
Dilma ligou para Eduardo Cunha e ele foi na mesma linha. O presidente da Câmara rompeu com o governo em julho, quando foi denunciado pelo Ministério Público na Operação Lava Jato e acusou o governo de incentivar os procuradores a agir contra ele.
Como presidente da Câmara, Cunha tem o poder de dar andamento a pedidos de impeachment contra Dilma.
A presidente manifestou a assessores a disposição de anunciar ainda nesta semana sua reforma administrativa, podendo deixar nomes de escolhidos para as novas pastas para a semana que vem.
Ela estava sendo aconselhada por assessores a deixar todo o processo para a próxima semana a fim de evitar atritos com sua base aliada.
No desenho imaginado pela presidente, o PMDB corre o risco de perder duas das atuais seis pastas. O Ministério dos Portos deverá ser fundido com a Aviação Civil e a Pesca com a Agricultura.
O governo deve fundir três secretarias hoje com status ministerial –Direitos Humanos, Igualdade Racial e Mulheres. Perdem o título de ministério o Gabinete de Segurança Institucional, a Secretaria de Assuntos Estratégicos e a Secretaria de Relações Institucionais. Por último, vai extinguir também o Ministério da Micro e Pequena Empresa.
Assessores presidenciais chegaram a aconselhar a presidente a deixar para a próxima semana o anúncio das mudanças a fim de evitar atritos com a base numa semana em que o Congresso agendou a votação de vetos, como o do reajuste de servidores do Judiciário. Ela ainda não deu resposta, vai trabalhar para concluir ainda nesta semana as mudanças, mas não descartou deixá-las para a próxima semana se as negociações não evoluírem a contento.
Dilma informou a seu vice que vai chamar, dentro destas negociações, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE), e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o líder peemedebista na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), para conversas nos próximos dias.
A intenção da presidente é que as bancadas do Senado e da Câmara estejam representadas no novo desenho ministerial para remontar o apoio da base aliada a seu governo.