O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, afirmou nesta quarta-feira (16) que a federação trabalhará junto ao Congresso para barrar uma eventual aprovação da criação de um novo imposto sobre movimentações financeiras, nos moldes da CPMF.
Para ele, o governo "está perdido" e o pacote de medidas anunciado pela equipe econômica no início da semana para recuperar a economia, na prática, não realizou os cortes necessários e ampliou o aumento da carga tributária.
"Estou aqui para fazer de tudo, e faremos de tudo ao longo desses próximos dias, para não permitir, em hipótese nenhuma, que seja aprovada a CPMF e que seja aprovado qualquer encargo, qualquer imposto, qualquer taxa em cima da sociedade brasileira que já paga muito e recebe pouca coisa em troca", disse.
Skaf se reuniu com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e se reúne ainda com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para discutir a questão.
Antes do encontro, Renan afirmou que ainda não é possível sentir "a temperatura exata" da reação do Congresso à eventual aprovação da proposta porque o Legislativo tem uma "resistência histórica" a elevar a carga tributária do país.
Segundo Skaf, o presidente do Senado "demonstrou preocupação e está consciente de que o momento não é de aumento de impostos".
Já Cunha tem dito desde o anúncio do pacote, que o novo imposto proposto pelo governo não será aprovado pelo Congresso porque o governo tem uma base aliada fraca.
Filiado ao PMDB, Skaf afirmou que o governo não fez as medidas que precisava fazer em relação ao corte nos gastos públicos. "Na prática não reduziu nada porque houve uma realocação, uma reposição de fontes. [...] O governo continua resistindo ao que é preciso ser feito, que é reduzir seus gastos, seus desperdícios, melhorar a sua gestão", disse.
"Ao invés disso, o que o governo tenta é aumentar impostos querendo que a sociedade pague o pato mais uma vez. Mas a sociedade não está a fim de pagar o pato mais uma vez. O governo está na mão contrária", completou.
Questionado se a federação poderia, então sugerir uma fonte de receita ao governo para substituir o que seria gerado por uma no CPMF, estimado em R$ 32 bilhões, Skaf afirmou que cabia à presidente Dilma Rousseff ter reduzido despesas para conseguir "encontrar esses recursos".
"Porque o governo é tão corajoso para encaminhar mudanças constitucionais e aumentar impostos e é covarde para encaminhar mudanças de lei para reduzir suas despesas? Cabe ao governo encontrar esses recursos reduzindo as suas despesas", disse.
MOVIMENTO
Nesta quarta, os principais partidos de oposição e deputados dissidentes da base governista lançaram o movimento "Basta de Imposto. Não à CPMF".
O grupo é o mesmo que lançou, na semana passada, ummovimento pelo impeachment de Dilma. Além de DEM, PPS e SD, também havia deputados do PSDB.