Folha de S. Paulo


Usar crise para tentar chegar ao poder é 'versão moderna de golpe', diz Dilma

Usar a crise econômica enfrentada pelo país como mecanismo para tentar chegar ao poder é uma "versão moderna do golpe", disse a presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira (16).

A afirmação foi feita em entrevista à rádio Comercial AM, de Presidente Prudente (SP), cidade em que ela fará a entrega de 2.343 unidades do Minha Casa, Minha Vida nesta manhã.

De acordo com a presidente, há pessoas no país que não se conformam que o Brasil seja uma democracia sólida, com legitimidade dada pelo voto.

"Essas pessoas geralmente torcem para o quanto pior, melhor, e em todas as áreas. Todas elas esperando oportunidade para pescar em águas turvas. Tenho certeza que o Brasil tem uma solidez institucional."

Ela continuou: "Todos os países que passaram por dificuldade, não vi nenhum propondo ruptura democrática como forma de saída da crise. Esse método de usar a crise como mecanismo para chegar ao poder é uma versão moderna do golpe".

Em relação à perda do grau de investimento do Brasil, Dilma disse que outros países passaram por crise e tiveram suas notas rebaixadas, e que todos foram "muito maiores que suas notas".

"Aconteceu com os EUA em 2011, como também com França, Itália e Espanha em 2012, e agora conosco. Todos os países foram muito maiores que suas notas. E o Brasil é muito maior que sua nota. Todos voltaram a crescer e vai ser assim com o Brasil."

A presidente afirmou que o país está tomando as medidas necessárias, que não há problema de crédito internacional e que o governo está adotando dois tipos de medida –uma de controle da inflação e equilíbrio do orçamento e outra, de estímulo ao crescimento.

"Estamos trabalhando imensamente para que nossa economia se torne cada vez mais sólida para aumentar a confiança dos agentes econômicos em relação aos investimentos", disse.

Nesta segunda (14), o governo apresentou um pacote fiscal para para tentar reequilibrar as contas públicas que, entre outras medidas, propõe a recriação da CPMF. Aliados e empresários, porém, se opuseram às propostas.

A petista afirmou ainda que o país vai atravessar esse período de crise, "que procuramos de todos os meios, evitar". "Não foi possível. [Mas] Fazer todas as medidas de ajuste fiscal e estímulo ao investimento, à agricultura, para voltar a crescer e gerar emprego."

Editoria de Arte/Folhapress
Tudo sobre Impeachment - Chamada para arte em http://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2015/04/119147-tudo-sobre-impeachment.shtml
Tudo sobre Impeachment - Chamada para arte em http://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2015/04/119147-tudo-sobre-impeachment.shtml

Por isso, afirmou a presidente, o que tem de ser feito é o país se unir, independentemente de posições e interesses.

"Posso garantir uma coisa, o governo trabalha diuturnamente para garantir a estabilidade econômica e politica do país."

Logo após a entrevista de 14 minutos, concedida por telefone, Dilma embarcaria para a cidade do interior paulista –assim como fez em ocasiões anteriores.

DESCONFIANÇA DA VISITA

A primeira pergunta do radialista Miguel Francisco à presidente foi sobre a ida dela ao município. Segundo o jornalista da Rádio Comercial, antes da entrevista, várias pessoas, desconfiadas da visita, perguntaram a ele se Dilma realmente iria a Presidente Prudente.

"Senhora presidente Dilma Rousseff, está realmente confirmada a sua vinda, hoje, a Presidente Prudente?"

Após dar bom dia a todos, a petista respondeu: "Olha, Miguel, pode ter certeza que eu estou chegando aí, principalmente, se a gente acabar logo essa entrevista. Porque eu acabo a entrevista e diretamente vou pegar o avião no aeroporto e chego aí em Presidente Prudente, onde nós vamos entregar as casas do Minha Casa Minha Vida."

Quem se opõe ao ajuste


Endereço da página:

Links no texto: