Folha de S. Paulo


Dilma fará apelo a políticos pela aprovação pacote de cortes e impostos

A presidente Dilma Rousseff se reunirá na manhã desta terça (15) no Planalto com líderes das bancadas aliadas na Câmara e no Senado para fazer um apelo pela aprovação do pacote de corte de gastos e aumento de tributos, em grande parte dependente do aval do Congresso.

As medidas foram alvo de críticas de aliados, da oposição e de representantes de movimentos sociais.

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O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou ser "pouco provável" que haja consenso no Congresso para a aprovação de um imposto como a CPMF.

"O governo está com uma base muito frágil aqui. Além de uma base frágil, o tema por si só já é polêmico. Se perdeu a CPMF numa época em que estava muito forte, não é agora que vai conseguir passar".

Cunha recebeu, antes do anúncio do corte, uma ligação da presidente. Ele disse ter relatado a Dilma as dificuldades de aprovação de algumas das propostas. Apesar de ter rompido formalmente com o governo em julho, Cunha disse que não vai obstruir a tramitação de um eventual projeto de aumento de impostos.

Ele se posicionou de forma crítica também ao formato de algumas mudanças. "75% dos cortes são dependentes de terceiros. São pseudo cortes. Não vejo um corte efetivo".

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), adotou tom menos crítico e disse que "é melhor fazer alguma coisa do que não fazer nada". Para ele, o anúncio desta segunda mostra que o governo quer "vencer o imobilismo". "O governo está recuperando sua capacidade de iniciativa. Isso é muito bom".

Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), os cortes e aumento de impostos são consequências da "irresponsabilidade do governo". Ele classificou a recriação da CPMF como "inaceitável".

AUMENTO DE RECEITAS -

OCUPAÇÕES

O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) promete atos contra o corte nos gastos sociais anunciado pelo governo, disse o líder do grupo, Guilherme Boulos. "O governo quer acabar com a crise econômica, mas vai aprofundar a crise social", afirmou o professor, que também é colunista da Folha.

Segundo Boulos, os atos em repúdio ao anúncio do governo devem ocorrer na próxima semana. Ele diz, ainda, que os cortes no programa Minha Casa, Minha Vida devem aumentar a pressão do grupo sobre o Executivo: "A única saída das famílias vai ser fazer ocupações", afirma.

Desde o início do ano o grupo realiza atos contra o ajuste fiscal, apesar de apoiar o governo. Em março, o MTST promoveu manifestações em diversas capitais pedindo o lançamento da terceira fase do Minha Casa, Minha Vida, que tem como cerne a diminuição do deficit habitacional, principal bandeira do grupo.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), saiu em defesa das propostas. "Zero vírgula vinte por cento é tão pouco, por que não damos essa contribuição? Temos um longo e tenebroso caminho pela frente, mas estou absolutamente confiante."

Instituída pelo governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a CPMF foi extinta em 2007. Para que volte a vigorar, é necessário que seja apoiada por pelo menos 60% dos deputados e senadores.

CORTE DE GASTOS -


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