Folha de S. Paulo


Houve confusão entre governar e fazer campanha, diz ministro do STF

Alan Marques - 9.set.15/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 09.09.2015. Sessão plenária do STF entre os pontos da pauta pode retoma o julgamento do processo sobre a descriminalização do porte de drogas. Ministro Gilmar Mendes participa de sessão plenária. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
O ministro Gilmar Mendes, vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral e integrante do STF

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmou nesta segunda-feira (14) que houve "uma confusão entre governar e fazer campanha eleitoral", em uma crítica às políticas adotadas pela gestão Dilma Rousseff.

Para exemplificar seu ponto de vista, o magistrado citou o Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior). "A gente percebe que o programa de governo estava associado a um programa eleitoral, medidas que eram tomadas com objetivo eleitoral", disse.

O ministro falou em um seminário organizado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em São Paulo, com o objetivo de discutir possíveis saídas para a crise. Segundo ele, além dos impactos políticos e econômicos, o governo passa por uma crise de legitimidade e de credibilidade, o que dificulta o aumento de impostos —uma das medidas estudadas para reduzir o deficit no Orçamento de 2016.

"Como você pede sacrifício [aumento de impostos], quando as pessoas acham que houve gastos excessivos, demasiados e sem controle? Quando as pessoas acham que há uma prática sistêmica de corrupção?", indagou Mendes. "Então há uma crise de legitimidade, esse é o debate que nós estamos vivendo."

O ministro do STF, que também é vice-presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), pediu à PGR (Procuradoria-Geral da República) que investigue eventuais crimes eleitorais por parte da chapa de Dilma. O caso ainda será julgado no tribunal.

Por fim, ao comentar como o país pode sair da crise em que está imerso, Gilmar Mendes voltou-se aos políticos. "O Brasil passou por vários momentos difíceis e sempre atravessou via uma engenharia institucional, a habilidade de seus políticos", disse. "Espero que nós tenhamos essa habilidade."


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