Folha de S. Paulo


CPI da Petrobras não consegue autorização para Ricardo Pessoa depor

Marcos Bezerra/Futura Press - 14.nov.14/Folhapress
Ricardo Pessoa, presidente da construtora UTC, na chega à Polícia Federal quando foi preso
Ricardo Pessoa, presidente da construtora UTC, na chega à Polícia Federal quando foi preso

A CPI da Petrobras não conseguiu chamar para a próxima quarta-feira (9) o dono da UTC, Ricardo Pessoa, delator da Operação Lava Jato, apesar de ter marcado seu depoimento para esta data. Pessoa relatou em sua delação ter repassado recursos ilícitos para a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014.

A área técnica da CPI, porém, não conseguiu obter da Justiça autorização para trazer o empreiteiro para prestar depoimento. Isso porque, por ser feriado em Curitiba nesta terça (8), os técnicos não obtiveram contato com a Justiça Federal no Paraná.

Como Pessoa prestou depoimento à Justiça Federal na semana passada, a CPI avaliou que ele também já poderia falar aos deputados, mesmo com sua delação premiada ainda sendo sigilosa, por isso marcou o depoimento.

À Justiça Federal, porém, o empreiteiro não falou sobre nenhum político com foro privilegiado. Por isso, é possível que também não fale sobre isso no depoimento aos deputados.

Eles vêm tentando ouvir Pessoa desde que sua delação premiada foi homologada, mas foram avisados de que o empreiteiro não poderia falar porque o conteúdo é sigiloso.

No último fim de semana, veio a público que o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki abriu inquérito contra o ex-tesoureiro da campanha de Dilma no ano passado, Edinho Silva, atual ministro de Comunicação Social, com base na delação do dono da UTC.

A Procuradoria-Geral da República também pediu abertura de inquérito contra o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e contra o senador tucano Aloysio Nunes (SP).

Todos negam irregularidades no recebimento de recursos.

PRODUTIVIDADE BAIXA

A CPI vive um momento de baixa produtividade, depois de ter passado três dias em Curitiba para tomar depoimentos nos quais a maioria das pessoas ouvidas ficou calada. Caso não ocorra o depoimento de Pessoa, essa situação vai se agravar.

Na semana passada, a deputada Eliziane Gama (PPS-MA), integrante da CPI, divulgou uma carta com críticas à condução dos trabalhos, dizendo que estão sendo usados para "intimidação" e acusando blindagem de políticos.

"A convocação de advogados em pleno exercício profissional, a aprovação de requerimentos com claro intuito de intimidação, a não convocação de figuras políticas importantes para os trabalhos da CPI, entre outros recursos, têm contribuído para as justas críticas ao colegiado. Falta foco no trabalho desta comissão", disse ela, na carta.


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