Folha de S. Paulo


Movimentos protestam contra governo em desfile de 7 de Setembro

Apesar de alguns atos de vandalismo, protestos e discussões acaloradas, o desfile do 7 de Setembro terminou sem registro de confrontos em Brasília. A Polícia Militar calculou que 25 mil pessoas compareceram à Esplanada dos Ministérios.

O episódio mais tenso aconteceu logo após as festividades. Manifestantes derrubaram as placas de metal que bloqueavam o acesso ao Eixo Monumental, via em que passou o desfile e onde estava o palanque das autoridades.

Nesse momento, petistas com camisas e bandeiras vermelhas estavam indo embora. Em lados opostos da rua, os manifestantes antigoverno e os militantes trocaram xingamentos por cerca de 15 minutos. Só não houve confronto porque a PM ocupou a pista.

Manifestantes críticos ao PT cantavam, em coro: "Você é otário, o Lula é bilionário". Os petistas, em número inferior, revidavam. Um deles, que levava uma bandeira no ombro, provocou: "Pare de ver televisão e vá ler um livro de História, imbecil".

TUMULTO

O primeiro tumulto, entretanto, foi visto antes do início do evento. Membros do MRP (Movimento de Resistência Popular) atearam fogo a pneus, fechando o Eixo Monumental, a 1,5 quilômetro do palanque em que estava a presidente Dilma Rousseff.

O ato ocorreu na pista paralela àquela em que aconteceria o desfile, a cerca de 600 metros do local, sem atrapalhar as festividades. Bombeiros apagaram as chamas em aproximadamente 20 minutos, e ninguém se feriu.

O MRP protestou contra a presidente e o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB). Eles pediam mais moradias na capital.

Após o desfile e com ânimos menos exaltados, quatro trios elétricos de movimentos contrários o governo seguiram rumo ao Congresso Nacional, após rezarem o Pai-Nosso. Impedidos pela PM de chegar perto do prédio, recuaram e terminaram a caminhada por volta das 13h20.

O ministro José Elito (Gabinete de Segurança Institucional) negou ter havido reforço na segurança neste ano. "Todos os anos é da mesma forma. [Não houve] Nada diferente", afirmou.

PIXULEKOS

O ato de protesto mais esperado entre quem foi às ruas se manifestar contra o governo, no entanto, não vingou.

Apelidado de Pixuleko, o boneco inflável do ex-presidente Lula vestido de presidiário, com 15 metros de altura, não resistiu ao vento e rasgou. Os integrantes do Movimento Brasil (MBR), responsável pela alegoria, tentaram remendá-lo duas vezes para que ele voltasse a ficar em pé. Não conseguiram.

O movimento aproveitou a data para apresentar o boneco da presidente Dilma, com 13 metros. Embora também tenha apresentado problemas, os manifestantes remendaram o plástico e o puseram de pé, já no final do desfile.

A alegoria imita a imagem de Dilma, vestida de vermelho e com o nariz grande, inspirada no Pinóquio. Os donos da peça farão uma votação para escolher o nome.

"Há algumas sugestões: Dilmintira, Pinóquia, Rivodilma, mas ainda não há nome. Esses bonecos já não são mais nossos, viraram patrimônio do povo brasileiro", disse Ricardo Honorato, do MBR.

Os bonecos foram mantidos num espaço cercado e protegido por oito seguranças, que controlavam o acesso. Membros do MBR disseram ter recebido ameaças de que as alegorias sofreriam atentados, a exemplo do que já ocorreu em São Paulo, onde o Pixuleko foi danificado por um ataque a faca.

Os manifestantes informaram a PM, previamente, sobre as ameaças. Nenhum incidente foi registrado.

MINIATURAS

O MBR conseguiu capitalizar a popularidade do Pixuleko. Pela primeira vez, confeccionou miniaturas, de cerca de 30 centímetros, do boneco do ex-presidente. Cada uma era vendida por R$ 10. Às 10h, o estoque de 600 unidades estava esgotado.

"Um homem comprou 350 bonecos. O minipixuleco foi um sucesso absoluto. Não imaginávamos vender tudo", disse a médica Helen Arruda.

De acordo com ela, o dinheiro é usado na manutenção dos bonecos e no custeio das viagens do grupo.

O boneco de Lula ficou famoso depois das manifestações contra o governo promovidas no mês passado. O nome é uma referência ao apelido para propina cunhado pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Raio X do Pixuleco


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