Apontado como organizador do cartel das empreiteiras, o dono da UTC e da Constran, Ricardo Pessoa reconheceu em depoimento nesta quinta (3) o rateio prévio das obras da Petrobras e o pagamento de propina a dirigentes da estatal e a políticos. Mesmo assim, o depoimento foi celebrado por réus da Odebrecht.
O delator negou ter tratado com Marcelo Odebrecht sobre suborno e cartel na Petrobras e apontou o ex-executivo Marcio Faria como seu interlocutor nessas decisões.
Pessoa admitiu que ele próprio pagou propina, mas foi vago sobre o comportamento da empreiteira parceira em dois consórcios.
O dono da UTC indicou que Faria era responsável na Odebrecht por fazer pagamentos a dirigentes da estatal, mas esquivou-se de dizer se Faria pagou efetivamente propina, argumentando que não lhe cabia "fiscalizar" a parceira.
"O delator deixou claro que pode falar apenas pelos próprios atos e não responde sobre terceiros", disse Dora Cavalcanti, defensora de Faria.
A Procuradoria diz ter evidências que ligam a Odebrecht a depósitos em contras de ex-diretores no exterior.
Na versão de Pessoa, o acerto prévio não atingia todas as obras e às vezes falhava –discrepância com a descrição do também delator Augusto Mendonça sobre o cartel, como um campeonato com regras predefinidas.
"O depoimento derruba a tese simplista de um clube de empresas que funcionava como cartel nas licitações da Petrobras", disse Dora.
O PT afirma que todas as doações que recebeu foram legais e declaradas à Justiça Eleitoral.