Folha de S. Paulo


Dilma reúne deputados e pede saídas para o 'rombo fiscal'

Alan Marques/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 31.08.2015. Acompanhado do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Nelson Barbosa, entrega PLOA 2016 ao presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, na sala de audîência da Presidência do Senado Federal. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
Renan Calheiros recebe texto do Orçamento dos ministros Barbosa (Planejamento) e Levy (Fazenda)

Horas após o governo entregar ao Congresso a proposta de Orçamento da União de 2016, a presidente Dilma Rousseff reuniu nesta segunda-feira (31) líderes da base aliada na Câmara e pediu ajuda na construção de "saídas para o rombo fiscal" de R$ 30,5 bilhões, o que representa 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto).

Dilma fez um apelo aos parlamentares e pediu que eles apresentem medidas de aumento para a arrecadação do governo. A presidente desistiu de recriar a CPMF, o chamado imposto do cheque, depois da repercussão negativa que a discussão causou entre políticos e empresários e pretende dividir o ônus do possível surgimento de novos tributos com o Legislativo.

Orçamento 2016

Depois de entregar a proposta orçamentária ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ministro Nelson Barbosa (Planejamento) disse que "muitas das ações" que o Palácio do Planalto pretende fazer para reequilibrar as contas "envolvem medidas legais", ou seja, precisam ser apreciadas pelo Congresso.

Segundo ele, o governo vai atuar para controlar os gastos obrigatórios da União, mas a criação de novos tributos deve ser discutida pelos parlamentares. "O foco não é aumento de receita. Se o Congresso achar que é necessário mais fonte de recursos, essa é uma discussão que vai ficar para o Congresso Nacional", declarou.

A proposta de Orçamento foi preparada com base em um cenário macroeconômico que prevê crescimento de 0,2% do PIB em 2016 e inflação de 5,4%. O prognóstico é mais otimista que o do mercado, que estima uma retração da economia de 0,4% e inflação de 5,51% no ano que vem, segundo a última sondagem divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira.

O salário mínimo proposto passa dos atuais R$ 788 para R$ 865,50. Como a proposta ainda será analisada pelos parlamentares, o valor pode ser alterado.

Dilma fez o mesmo apelo aos líderes da base no Senado, que recebeu nesta segunda em reunião no Palácio do Planalto.

As previsões do governo

DILMA NO CONGRESSO

Líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (PSD-DF), disse que Dilma quer "achar um denominador comum que possa resolver a questão do deficit". Para isso, diz ele, "está disposta a ir pessoalmente no Congresso". A data, porém, não está definida.

Nesta terça-feira (1º), Dilma deve se reunir com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Palácio do Planalto.

Já o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), que também participou da reunião com a presidente, pediu "abertura de diálogo" sobre a proposta Orçamentária com todos os parlamentares.

"Há um deficit e nós queremos abrir o diálogo com o Congresso". Segundo o deputado, a proposta "vai ajudar" que o Legislativo não vote projetos que "criem despesas para o governo", as chamadas "pautas-bomba".

Apesar do aparente otimismo, Guimarães não bateu o martelo quanto à aprovação do Orçamento deficitário pelo Congresso. "A vida dirá", afirmou ao ser questionado por jornalistas.


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