Folha de S. Paulo


Dia 20 não é um ato 'viva Dilma', diz um dos organizadores da manifestação

Apontado como um dos organizadores com maior capacidade de mobilização para o protesto do dia 20, Guilherme Boulos, liderança do MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto) afirmou que o ato não pode ser visto visto como um "viva Dilma".

"Não podemos ter uma visão simplista que dia 16 foi fora Dilma e de que dia 20 é viva Dilma porque não é", disse Boulos, que também é colunista da Folha.

O líder do MTST destacou que o ato é contra "o golpismo que defende a derrubada da presidente Dilma Rousseff para substituí-la por alternativas à direita", mas que não está em defesa de um governo que é "indefensável do ponto de vista da política econômica e do ajuste fiscal que vem conduzindo".

Boulos falou na tarde desta segunda-feira (17) durante a coletiva de imprensa convocada pelos movimentos sociais que estão à frente do ato do dia 20. Na mesa estavam representantes de outros grupos que estão na organização do evento, como os presidente da CUT-SP, Adi dos Santos Lima, da UJS (União da Juventude Socialista), Renan Alencar, e da UNE, Carina Vitral, além de Edson Carneiro Índio, secretario geral da Intersindical.

O grupo assinou um manifesto intitulado "Contra a Direita e o Ajuste Fiscal", que orientará as reivindicações do dia 20. Entre os pontos abordados estão críticas ao presidente da câmara dos deputados Eduardo Cunha e ao ajuste fiscal conduzido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Segundo os organizadores, a previsão é reunir 60 mil pessoas no dia 20. Estão programadas manifestações em mais de 15 capitais além de São Paulo. Na capital paulista, o protesto sairá do Largo da Batata e terminará no Masp, na av. Paulista.

APOIO AO PT

Questionados sobre a participação do PT, que já anunciou adesão ao ato e vem destacando o evento como ponto de contraposição às manifestações pelo impeachment de Dilma realizadas no domingo (16), o presidente da CUT destacou que "todos que quiserem defender essas bandeiras (do manifesto) serão bem-vindos".

Segundo ele, PT, PC do B, PSOL e PDT informaram os organizadores que querem participar.

O PT analisa a possibilidade de incluir a convocação para o protesto na sua inserção comercial de terça (18).

PLANALTO

Para evitar dar munição à oposição, assessores de Dilma defendem que o Planalto se distancie dos atos. Ministros disseram à Folha temer que partidos adversários aproveitem para vincular o governo às manifestações caso algo ''fuja do controle''.

O sinal amarelo acendeu dentro do governo após a repercussão negativa de fala do presidente da CUT, Vagner Freitas, na semana passada de que, se for preciso, os movimentos sociais irão às ruas "com arma na mão" para preservar o mandato da petista.

O governo espera novas reações contrárias ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no ato desta quinta.

Na reunião da coordenação política do governo, nesta segunda, Dilma disse ver com naturalidade as críticas, mas afirmou que os movimentos sociais não entendem a complexidade da crise econômica mundial e do Brasil, e que o trabalho do ministro é importante para o Brasil.


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