Folha de S. Paulo


Acusação de Catta Preta é 'ridícula', diz autor de convocação da advogada à CPI

Pedro Ladeira - 10.mar.15/Folhapress
Beatriz Catta Preta acompanha o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, delator e seu ex-cliente
Beatriz Catta Preta acompanha o ex-gerente da Petrobras e delator Pedro Barusco, que foi seu cliente

O autor do requerimento de convocação na CPI da Petrobras da advogada Beatriz Catta Preta, deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), chamou de "ridícula" a acusação de que ela se sentiu intimidada por integrantes da comissão.

Já o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), disse em nota que o requerimento de convocação da advogada à comissão"foi aprovado por unanimidade no plenário da CPI da Petrobras" e que "a vontade de investigar os honorários da advogada é suprapartidária, o que afasta de vez a acusação de perseguição".

Pansera disse à Folha que a entrevista de Catta Preta ao "Jornal Nacional" é "uma cortina de fumaça para alguma coisa que ela não quer revelar", sem opinar sobre o quê seria. "Eu acho ridículo. Não tem nenhum sentido", afirmou.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), comentou a entrevista por meio de sua conta no Twitter. "Reitero que não tenho qualquer interferência na CPI, desconhecia a sua convocação que se deu com certeza antes do delator mudar a sua versão", afirmou em um dos posts.

Há algumas semanas, a CPI da Petrobras decidiu convocar a advogada para prestar esclarecimentos. O requerimento de convocação de Catta Preta foi apresentado por Pansera, acusado por outro réu, o doleiro Alberto Youssef, de agir na CPI como "pau-mandado" do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O parlamentar nega e diz que age por conta própria.

Já Catta Preta afirmou ao "Jornal Nacional" que as ameaças cresceram justamente depois que o delator Julio Camargo, que ela defendia, acusou Cunha de receber US$ 5 milhões de propina.

Pansera disse que ela foi à comissão diversas vezes acompanhando seus clientes e que nem por isso eles se sentiram intimidados. "Ela conhece muito bem a CPI. Já a vi na CPI diversas vezes, orientando os clientes dela, e ela não consegue se orientar também?", ironizou o parlamentar.

O deputado afirmou que pedirá ao presidente da CPI para conversar com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, para convencê-lo da necessidade de ela ser ouvida. Nesta quinta (30), Lewandowski proferiu decisão liberando Catta Preta de prestar o depoimento.

Responsável por fechar nove dos 17 acordos de delação premiada de investigados com o Ministério Público, ela renunciou a todos os clientes na semana passada e teria decidido viver em Miami, nos EUA.


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