Folha de S. Paulo


Lobista ligado ao PMDB fecha acordo de delação premiada

O juiz federal Sergio Moro homologou o acordo de delação premiada de Hamylton Padilha, lobista com atuação na diretoria internacional da Petrobras, controlada pelo PMDB.

Os termos dos depoimentos de Padilha estão mantidos em segredo. Segundo a Folha apurou, ele admitiu e entregou documentos bancários mostrando pagamentos aos ex-diretores da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e Jorge Zelada e a operadores ligados ao PMDB.

Padilha, que não foi preso, começou a ser investigado neste ano. O contrato de afretamento de um navio-sonda para a Petrobras, que ele intermediou junto à Diretoria Internacional da Petrobras, foi a origem do pagamento de propina de US$ 2 milhões em uma conta secreta atribuída ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque (indicado pelo PT), conforme a Folha revelou em maio.

Os depoimentos dados por ele em Curitiba abrangem somente empresários, ex-dirigentes da estatal e operadores políticos sem foro privilegiado. Ele também deverá depor, em Brasília, em inquéritos que correm no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre políticos com mandato atualmente.

Procurado, o advogado Celso Vilardi não quis se pronunciar sobre o acordo de seu cliente.

A inclusão de Padilha no rol dos colaboradores coincide com medida da defesa de Fernando Soares, o Fernando Baiano, para tentar anular o conteúdo dos depoimentos do delator Julio Camargo com alto potencial de dano ao PMDB. Baiano é apontado como intermediário do pagamento de propina ao PMDB no esquema de corrupção da Petrobras.

Após passar meses negando ter feito pagamentos a políticos, Julio Camargo mudou a sua versão este mês e admitiu ter pago suborno de US$ 5 milhões ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) após uma aliada política do congressista ter apresentado um requerimento para investigar uma das fornecedoras da Petrobras. O atual presidente da Câmara nega.

A defesa de Baiano afirma que Camargo rompeu o acordo homologado por Moro ao esconder informações e pede que toda a delação, incluindo os depoimentos, seja invalidada.

PORTA DE SAÍDA

Nesta quinta, também foi homologado o acordo do empresário Mario Goes.

Preso desde fevereiro, Mario Goes deixou a prisão já nesta quinta. Ele vai pagar multa de R$ 38 milhões.

Foram 13 depoimentos, prestados entre terça (28) e quinta, onde admitiu que suas empresas eram usadas para o pagamento de propina a dirigentes da Petrobras por empreiteiras com contratos com a estatal.

Goes admitiu ter movimentado ao menos R$ 3,4 milhões e outros US$ 6 milhões, no Brasil e no exterior, para o pagamento de propina. Ele agia na diretoria de Serviços, comandada pelo PT.

Procurada, a defesa do réu não quis se manifestar.


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