Folha de S. Paulo


Datena rebate Maluf: 'Jamais apertaria a mão dele por qualquer acordo'

Flávio Florido - 22.jul.14/UOL
O deputado Paulo Maluf (PP-SP), contrário à candidatura de Datena à prefeitura de SP por seu partido
O deputado Paulo Maluf (PP-SP), contrário à candidatura de Datena à Prefeitura de São Paulo pelo PP

Após ser criticado pelo deputado Paulo Maluf (PP-SP), cacique do partido ao qual deve filiar-se para concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2016, o apresentador José Luiz Datena rebateu o correligionário: "É evidente que jamais apertaria a mão dele para qualquer acordo político, nem para ser presidente de time de botão".

Em entrevista à rádio Gaúcha na manhã desta quinta-feira (30), Datena afirmou que respeita Maluf —ex-prefeito de São Paulo e ex-governador do Estado— "como homem", mas não "como político".

O pré-candidato à prefeitura também ressaltou a perda de influência de Maluf no diretório paulista do PP: "Acho que já prestei um serviço maravilhoso para o partido, onde ele não manda mais nada".

O PP é aliado do atual prefeito da capital paulista, Fernando Haddad (PT). Durante as eleições de 2012, quando o petista foi eleito, o partido de Maluf negociou apoio a diversos candidatos, mas acabou fechando com Haddad —parceria que rendeu a foto que reúne Maluf, Haddad e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Moacyr Lopes Junior - 18.jun.2012/Folhapress
O então candidato Haddad, entre o ex-presidente Lula e Maluf, que celebram o acordo entre PT e PP
Lula e Maluf celebram acordo entre PT e PP, em 2012; entre eles, Rui Falcão, Haddad e Wadih Mutran

Nesta quarta (29), Maluf defendeu a parceria, e disse que o PP não deveria ter candidato próprio. "O PP elegeu Haddad e tem de apoiá-lo à reeleição", disse o deputado à Folha.

"Nós temos de ter o mínimo de coerência, e eu sou um homem coerente. Se nós elegemos o prefeito Fernando Haddad (PT), temos de dar o direito dele disputar um segundo mandato", disse o ex-prefeito de São Paulo.

Em entrevista à Folha na semana passada, logo após confirmar que concorreria à prefeitura paulistana, Datena afirmou que nenhum partido é capaz de controlá-lo.

"Você acha que algum partido é capaz de me controlar? Eu sou um cara que voo por instrumentos que eu programo. Quando não concordei com ideias em emissora de televisão [Record], saí e paguei. Paguei caro, mas paguei. Se as pessoas acham que vão me transformar numa coisa que não sou, elas estão completamente enganadas", disse.

Antes de fechar com o PP, o apresentador de televisão também foi sondado pelo PSDB, do governador Geraldo Alckmin, e pelo PSB, do vice-governador Márcio França.

Em 2012, durante a campanha à Prefeitura de São Paulo, Datena criticou o então candidato, hoje deputado, Celso Russomanno (PRB), que também apresenta um programa na televisão.

"O fato de o cara ter popularidade necessariamente não vai significar que ele é um bom administrador ou que tenha credibilidade", escreveu Datena no jornal "Metro", que pertence ao grupo Bandeirantes. O título do texto era "Urna não é Televisão nem Igreja".

Em outras ocasiões, Datena também mostrou-se contrário a celebridades da televisão que concorrem a cargos públicos. Na entrevista à rádio Gaúcha, questionado sobre o assunto, o apresentador limitou-se a justificar a mudança de posição afirmando que o cenário no país mudou desde então.


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