Folha de S. Paulo


Eventual conversa de Lula com FHC seria benéfica, diz Jaques Wagner

Pedro Ladeira - 16.abr.2015/Folhapress
Jaques Wagner (Defesa) afirma que não há apoio suficiente para um impeachment da presidente Dilma
Jaques Wagner (Defesa) afirma que não há apoio suficiente para um impeachment da presidente Dilma

O ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse nesta quinta-feira (23) que aplaude a iniciativa dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso de se reunirem para discutir a atual situação política brasileira.

Conforme a Folha revelou nesta quinta (23), Lula procurou interlocutores comuns a ele e a FHC para tentar marcar uma conversa.

Wagner, que afirmou não ter recebido a informação do encontro, disse que a pauta não deveria se restringir a um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os dois presidentes teriam uma agenda de longo prazo sobre o futuro do país, "muito superior ao impeachment", afirmou.

O petista reconheceu que o momento é difícil e que demanda dos atores políticos nacionais serenidade e bom senso, duas características que segundo Wagner os ex-presidentes têm. O ministro afirmou que a despeito da polarização das últimas eleições, oposição e situação precisam dialogar.

"Eu considero que é fundamental que a gente mantenha cada qual a sua posição, mas não perca o norte de que há algo superior a convicções ideológicas e político-partidárias de cada um, que é o futuro do país", afirmou Wagner, que esteve no Rio para o lançamento de um navio de pesquisa da Marinha, ao lado do ministro Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia).

Wagner acrescentou que, embora um eventual processo de impeachment dependa da Câmara, ele não vê a possibilidade ocorrendo num futuro próximo. Segundo o ministro, não há apoio suficiente para a instalação de um processo de impedimento no Congresso.

O ministro criticou a relação entre oposição e governo no país, numa situação que ele chamou de "dicotomia que não se conversa". Segundo ele, os países que escolheram o caminho da polarização não prosperaram.

"O encontro de dois ex-presidentes teria uma agenda muito superior a essa, que é conjuntural, sobre a briga da oposição com o governo. Apesar da última campanha dura, não podemos deixar consolidar na alma brasileira, e na política brasileira, uma dicotomia que não se conversa. Países que seguiram esse rumo não tiveram grande destino. Essas posições, governo e oposição, a gente troca. O que a gente não pode perder é o norte", disse.


Endereço da página:

Links no texto: