Folha de S. Paulo


Carros de Collor apreendidos pela PF estão em nome de empresas

Os veículos de luxo apreendidos na Casa da Dinda, residência do senador Fernando Collor (PTB-AL) em Brasília, durante operação da Polícia Federal realizada nesta terça-feira (14), estão em nome de empresas, e não do ex-presidente da República.

Os três veículos –uma Lamborghini, uma Ferrari e um Porsche– foram apreendidos durante ação realizada em seis Estados e no Distrito Federal, contra políticos investigados no âmbito da Operação Lava Jato.

Em versão anterior, a reportagem da Folha afirmou que o senador não havia informado os carros em sua declaração de bens enviada à Justiça Eleitoral em 2014 –ano em que foi eleito para o mandato atual. Collor não precisaria ter declarado os veículos, já que a exigência é para os bens em nome do candidato –por ser feita de acordo com a declaração de Imposto de Renda–, o que não se aplica no caso dos três carros, que devem constar da documentação da empresa.

Dois deles –a Ferrari e a Lamborghini– estão em nome da Água Branca Participações, empresa da qual Collor é sócio. O Porsche está em nome de uma empresa de comércio de combustíveis.

No início da noite de terça, Collor subiu à tribuna do Senado para defender-se e disse que a "truculência" da operação extrapolou "todos os limites" da legalidade, uma vez que os agentes não apresentaram mandados judiciais para apreenderem bens e "invadirem" as casas dos senadores.

O senador afirmou que repudia com "veemência" a operação policial, que classificou de "invasiva" e "arbitrária". Também disse que foi "humilhado" pela ação da PF, assim como sua mulher e filhas pequenas.

"O argumento da operação foi o de evitar a destruição de provas. Depois de dois anos, evitar a destruição de provas como se lá houvesse algum tipo de prova. E prova de quê, afinal? Por acaso, um veículo é documento, é um computador? Qual seria o objetivo a não ser o de constranger, intimidar e promover cena de espetáculo pura e simplesmente visando a exploração midiática?", questionou.

Collor reagiu, em especial, à apreensão de três veículos na Casa da Dinda. O senador disse que todos os veículos foram declarados e adquiridos antes das investigações da Lava Jato, o que comprova o caráter "espetaculoso" da operação da PF.

Em tribuna, Collor afirmou ser o dono dos carros.

"Os agentes [da PF], sob as ordens de Rodrigo Janot [procurador-geral da República], literalmente –este é o termo– arrombaram o apartamento de meu uso funcional como senador da República. Recolheram equipamentos e papéis desconexos. Pior: na minha outra residência particular, apreenderam três veículos de minha propriedade", afirmou, logo no começo do discurso.

A reportagem ainda não conseguiu contato com a assessoria do senador.

OS VEÍCULOS DE COLLOR INFORMADOS À JUSTIÇA

  • BMW 760IA R$ 714.471,25
  • Kia Carnival R$ 183.000
  • Ferrari Scaglietti preta R$ 556.025,81
  • Toyota Land Cruiser R$ 180.000
  • Mercedes E320 R$ 342.810
  • Hilux R$ 142.000
  • VW Gol R$ 27.000
  • Citröen C6 R$ 322.804,31
  • Cadilac SRX R$ 65.406
  • Hyundai Vera Cruz R$ 139.000
  • Honda Accord R$ 51.000
  • Hilux R$ 14.346,06
  • Kia Carnival R$ 133.810,42
  • Land Rover R$ 114.608,97

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