Folha de S. Paulo


CPI aprova pela segunda vez quebra de sigilo da família de Youssef

A CPI da Petrobras aprovou nesta quinta-feira (9), pela segunda vez, a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico da ex-mulher e de duas filhas do doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato.

Na semana passada, o STF (Supremo Tribunal Federal) havia anulado as medidas contra os familiares após pedido da defesa do doleiro. Os advogados de Youssef afirmam que os membros da CPI estão agindo para intimidar seu cliente e a família dele, e vão recorrer novamente ao STF contra a quebra.

O primeiro requerimento para derrubar os sigilos foi feito em junho pelo deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) —que vem sendo acusado pelo doleiro de envolvimento com pagamentos de propina na Petrobras.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello havia concedido uma liminar (decisão provisória) para suspender a quebra do sigilo da família de Youssef determinada pela CPI da Petrobras na Câmara.

O entendimento do ministro era que a quebra dos sigilos determinada pela CPI não tinha fundamentação, já que não há indícios de que elas tenham relação com o esquema de corrupção.

A determinação de Marco Aurélio travou a estratégia de aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que pretendiam utilizar a quebra para pressionar o doleiro, que tem acusado o peemedebista de envolvimento com desvios e pagamentos de propina na estatal.

Os requerimentos envolvendo a família de Youssef foram apresentados à CPI por Celso Pansera (PMDB-RJ).

Os pedidos apenas se limitavam a comparar Youssef com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que usou familiares para movimentar recursos do esquema de corrupção, mas não apontaram evidências concretas de que a família do doleiro tenha feito o mesmo.

Rodolfo Buhrer - 11.mai.15/Reuters
O doleiro Alberto Youssef em depoimento à CPI da Petrobras
O doleiro Alberto Youssef em depoimento à CPI da Petrobras

REQUERIMENTOS

Em sua delação premiada, o doleiro afirmou que Cunha se beneficiava do esquema de corrupção na Petrobras e que, por meio de aliados, apresentou requerimento para chantagear uma das empresas a retomar o pagamento de propina.

A Folha mostrou que Cunha aparece como autor dos arquivos digitais de dois requerimentos da ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ) contra a empresa Mitsui, fornecedora da Petrobras.

A decisão de Marco Aurélio foi enviada na última terça-feira (7) para a CPI.

Ela se soma a outras derrotas da comissão no Supremo, como a negativa ao acesso à delação premiada do dono da UTC Ricardo Pessoa e a liminar concedida para o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco não comparecer às acareações na comissão.

Colaboraram ESTELITA HASS CARAZZAI, de Curitiba, e FLÁVIO FERREIRA, de São Paulo


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