Folha de S. Paulo


PF quer investigar possíveis repasses do governo de MG a empresas de Youssef

A Polícia Federal enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) um pedido para investigar ordens bancárias eventualmente emitidas pelo governo de Minas Gerais em 2010, em valores superiores a R$ 500 mil, que tenham tido como beneficiárias empresas controladas pelo doleiro Alberto Youssef.

A linha de investigação é utilizada pela PF como uma das justificativas para um novo pedido de prorrogação do inquérito que investiga o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) por suposta ligação com o esquema de corrupção da Petrobras. A PF, no entanto, não apresenta detalhes dessas supostas transações financeiras.

Anastasia assumiu o governo de Minas em abril de 2010, quando o senador Aécio Neves (PSDB) deixou o cargo para disputar a vaga no Senado. O prazo para investigação de Anastasia terminou no dia 29 de junho.

A solicitação da PF é analisada pelo ministro Teori Zavascki, relator dos inquéritos que apuram o envolvimento de políticos no esquema de corrupção da Petrobras.

O delegado Milton Fornazari Junior argumentou que "ainda restam pendentes a completa análise de todo o material apreendido no âmbito da Operação Lava Jato", como acordos de delação premiada, o que exige mais prazo para a apuração.

A defesa do senador já ingressou no STF com pedido para que seja arquivado o inquérito sem que as investigações sejam aprofundadas.

Um entregador de dinheiro controlado pelo doleiro Alberto Youssef, o "Careca", disse no ano passado à força tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba (PR), que no ano de 2010 entregou uma mala com dinheiro a mando de Youssef em Belo Horizonte (MG). Ao ver uma fotografia do senador tucano, que lhe foi apresentada pela PF, o agente disse que a pessoa da foto era "muito parecida" com "a que recebeu a mala enviada por Youssef".

Por outro lado, Youssef, em depoimento, afirmou que "nunca disse para entregar valores para Anastasia especificamente". Também negou conhecer o senador.

Segundo pessoas que acompanham as investigações, Careca teria permanecido em silêncio durante novo depoimento do caso.


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