Folha de S. Paulo


Lula encontra senadores do PMDB em 'missão de paz' e destaca aliança

Após reunião com parlamentares petistas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na manhã desta terça-feira (30) com senadores do PT e do PMDB na residência oficial do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que classificou o encontro como uma "missão de paz".

Lula chegou por volta de 9h20 na companhia de Paulo Okamotto, convocado no início do mês por integrantes da CPI da Petrobras.

"Ele veio pra enfatizar isso, a importância do PMDB, dessa aliança", disse o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), após o encontro. O petista afirmou que a legenda tem "papel preponderante" na coordenação política. "[O PMDB] é parceiro de primeira ordem."

O ex-presidente, no entanto, ouviu uma série de reclamações e ataques da cúpula peemedebista ao governo Dilma, segundo a Folha apurou. Os senadores do partido alegaram que o governo está paralisado e que pouco adianta anunciar pacotes para alavancar a economia —a exemplo do plano de concessões em obras de infraestrutura— se não há recursos em caixa.

Lula defendeu no encontro maior diálogo da petista com os demais Poderes, especialmente o Legislativo.

Os peemedebistas reclamam que não há diálogo permanente com o Palácio do Planalto, sem a troca de informações sobre temas que estão em tramitação no Congresso –muitas vezes sendo pegos de surpresa no momento da votação de propostas de interesse do Executivo.

"Ele [Lula] acha que a presidente deveria reunir os poderes, conversar permanentemente na busca de saídas para o Brasil. Foi uma conversa boa, ele definitivamente veio em missão de paz, defendeu pontos de vista com relação à reforma política, uma conversa produtiva", afirmou Renan.

Ed Ferreira/Folhapress
Lula conversa com Renan Calheiros após café da manhã na residência oficial do presidente do Senado
Lula conversa com Renan Calheiros após café da manhã na residência oficial do presidente do Senado

Neste início do ano, o governo da presidente Dilma Rousseff enfrentou uma série de rusgas com Renan e com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para a aprovação de medidas do ajuste fiscal. A Operação Lava Jato e as denúncias de corrupção na Petrobras agravaram o cenário de crise no Planalto.

Delcídio negou, no entanto, que a operação da PF e seus desdobramentos tenham sido tratados na reunião de hoje. "Não fizemos nenhuma avaliação sobre outros temas, a não ser esses que relatei", afirmou, em referência ao debate da reforma política na Casa e a aprovação de medidas de ajuste fiscal pelo Congresso.

Segundo o líder do governo no Senado, a intenção é buscar ainda a opinião do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso sobre o tema da reforma política. "Sabemos da dificuldade que é encontrar um entendimento na reforma política. [...] Não vamos fazer confrontação das teses do Senado e da Câmara", disse o senador Jorge Viana (PT-AC).

Estavam presentes na reunião os senadores Edison Lobão (PMDB-MA), Romero Jucá (PMDB-RR), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Jorge Viana (PT-AC), além do ex-presidente e ex-senador José Sarney, do PMDB.

"POSIÇÃO DELICADA"

Delcídio reconheceu que o PT se encontra hoje uma "posição delicada". "Mas o partido é maior do que as crises que tem enfrentado. E a posição do presidente Lula foi de proatividade, de incentivo, de articulação, pra que a gente atue consistentemente no Congresso", afirmou a respeito do encontro com os parlamentares da legenda, na véspera.

Questionado por jornalistas, negou que a convocação de Okamotto foi tratada no encontro. "Ele anda com o presidente direto. Ele está sempre junto com o presidente Lula, seja agenda de sindicato, aqui em Brasília, em qualquer lugar. O Paulo Okamotto é o braço direito do presidente."

O líder do governo reforçou ainda o discurso de unidade entre a gestão da presidente Dilma e o próprio PT. "O posicionamento do presidente Lula ontem foi dizendo o seguinte: se o governo for mal, isso é ruim para o PT. Nós estamos juntos. É o nosso governo que temos que defender. Para o nosso projeto é fundamental que o governo caminhe bem."


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