Folha de S. Paulo


Lula se reúne com marqueteiro João Santana em meio à crise no PT

Marlene Bergamo - 10.out.2010/Folhapress
O marqueteiro João Santana e a presidente Dilma Rousseff durante campanha eleitoral de 2010
O marqueteiro João Santana (ao centro) e a presidente Dilma durante campanha eleitoral de 2010

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrará nesta segunda-feira (29) com o marqueteiro João Santana e a direção do PT, em Brasília, em meio às acusações de corrupção envolvendo a cúpula do Planalto.

A reunião ocorre enquanto a presidente Dilma Rousseff está em viagem oficial aos Estados Unidos.

O marqueteiro tem passado os últimos meses na Argentina para tocar a campanha de José Manuel de la Sota.

A vinda de Santana ao Brasil já estava marcada com Rui Falcão, presidente do PT, para falar sobre o programa do partido que irá ao ar em agosto. Petistas querem convencer Santana a fazer o programa, mas o marqueteiro estará na reta final do trabalho no país vizinho e ainda resiste.

Agora, após a delação premiada de Ricardo Pessoa no âmbito da Operação Lava Jato, divulgada nesta sexta (26), envolvendo os ministros petistas Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Secom), a cúpula do PT e Lula querem discutir com Santana uma reação casada ao que chamam de "ataque" e "campanha" contra o partido e o governo.

Pessoa confessou que pagou propina para fazer negócios com a Petrobras e relatou encontros em que discutiu contribuições políticas com Mercadante e Edinho.

A UTC deu R$ 7,5 milhões para a campanha de Dilma em 2014. Pessoa diz que fez a doação porque Edinho, então tesoureiro da campanha, sugeriu que ele poderia ter problemas na Petrobras se não colaborasse, o que Edinho nega.

O empreiteiro disse ter dado R$ 250 mil de caixa dois para a campanha de Mercadante ao governo paulista em 2010. O ministro diz ter recebido R$ 500 mil em duas doações de empresas de Pessoa, ambas legais e registradas.

Sebastião Moreira - 28.mar.2015/Efe
O ex-presidente Lula em seminário do seu instituto, em São Paulo
O ex-presidente Lula em seminário do seu instituto, em São Paulo

AÇÃO CONJUNTA

Ministros petistas defendem uma estratégia conjunta de Dilma e Lula para reagir à crise política e econômica, embora a relação entre os dois esteja estremecida.

O ex-presidente tem feito críticas públicas à condução do governo. Emissários de Dilma o procuraram na semana passada e pediram a Lula que reassumisse a liderança da reação petista, com o que o ex-presidente concordou.

Nas palavras de um assessor presidencial, Dilma, Lula e o PT sabem que são uma coisa só, e "ninguém vai superar essa crise sozinho". Lula tem conversado com ministros, mas não com Dilma. Eles não se falaram depois da revelação dos novos detalhes dos depoimentos de Pessoa.

Lula pretende cobrar dos deputados e dos senadores do PT uma defesa mais enérgica do partido contra o que o governo chama de "vazamentos seletivos" na Lava Jato –na visão dos petistas, para prejudicar só o partido.

Ele ficou especialmente irritado há duas semanas com o que chamou de "cochilo" do PT, que não impediu a convocação de seu braço direito Paulo Okamotto para depor na CPI da Câmara que investiga a corrupção na Petrobras.

Nas bancadas, a principal cobrança dos petistas deverá ser pela adoção de uma agenda que ultrapasse o marco da aprovação do ajuste fiscal –que teve medidas impopulares, como a restrição ao acesso ao seguro-desemprego.


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