Folha de S. Paulo


Delação de empreiteiro aumenta pressão sobre governo Dilma e o PT

Marcos Bezerra/Futura Press - 14.nov.14/Folhapress
Ricardo Pessoa, presidente da construtora UTC, na chega à Polícia Federal quando foi preso
Ricardo Pessoa, presidente da construtora UTC, na chega à Polícia Federal quando foi preso

Depoimentos prestados pelo empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, aos procuradores da Operação Lava Jato ampliaram as pressões sobre o governo da presidente Dilma Rousseff e o seu partido, o PT, lançando novas suspeitas sobre a maneira como as campanhas petistas foram financiadas nos últimos anos.

Um dos empreiteiros investigados pela Operação Lava Jato por causa de seu envolvimento com o esquema de corrupção descoberto na Petrobras, Pessoa fez acordo com a Procuradoria-Geral da República para colaborar com as investigações em troca de uma pena reduzida. O acordo foi homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta (25).

Pessoa afirmou aos procuradores que doou R$ 7,5 milhões à campanha à reeleição de Dilma no ano passado por temer prejuízos em seus negócios na Petrobras se não ajudasse o PT. Como a Folha revelou em maio, a doação foi feita legalmente e ele disse que tratou da contribuição diretamente com o tesoureiro da campanha de Dilma, o atual ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva.

Nesta sexta-feira (26), a revista "Veja" afirmou que o empresário também revelou em seus depoimentos aos procuradores repasses de R$ 15 milhões que teria feito ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e R$ 750 mil ao ex-deputado federal José de Filippi (PT-SP), que foi tesoureiro da campanha de Dilma em 2010 e hoje é secretário da administração do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT).

Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", Pessoa indicou aos procuradores que os repasses para Vaccari e Filippi foram feitos de maneira ilegal, e não por meio de doações oficiais. Em nota, a assessoria de imprensa do PT afirmou que "todas as doações recebidas pelo partido aconteceram estritamente dentro da legislação vigente e foram posteriormente declaradas à Justiça".

Como a Folha informou nesta sexta (26), Pessoa também detalhou em um de seus depoimentos a maneira como foi negociada uma contribuição feita à campanha do petista Aloizio Mercadante ao governo do Estado de São Paulo, em 2010. Segundo a prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral, Mercadante recebeu uma doação de R$ 250 mil da UTC em 2010.

Pessoa também disse que deu R$ 2,4 milhões à campanha de Lula por meio de contribuições clandestinas. Afirmou ainda que, a pedido de Vaccari, pagou outros R$ 2,4 milhões para quitar dívida que a campanha de Haddad teria deixado com uma gráfica em 2012. O doleiro Alberto Youssef, outro operador do esquema de corrupção na Petrobras, teria viabilizado o pagamento. Em maio, o PT rejeitou as acusações do empresário.

O dono da UTC também disse ter feito um repasse de R$ 1 milhão ao senador Edison Lobão (PMDB-MA), que foi ministro de Minas e Energia no primeiro mandato de Dilma. O empresário contou que Lobão recebeu R$ 1 milhão para não criar empecilhos na obra da usina nuclear de Angra 3.

Outros políticos também foram citados por Pessoa como recebedores de verba do esquema. Segundo a "Veja", receberam repasses o senador Fernando Collor (PTB-AL) –R$ 20 milhões– e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado –R$ 1 milhão.

A revista também listou como beneficiários os senadores Gim Argello (PTB-DF) –R$ 5 milhões–, Ciro Nogueira (PP-PI) –R$ 2 milhões–, Aloysio Nunes (PSDB-SP) –R$ 200 mil– e Benedito de Lira (PP-AL) –R$ 400 mil–, e os deputados Arthur Lira (PP-AL) –R$ 1 milhão–, Júlio Delgado (PSB-MG) –R$ 150 mil– e Dudu da Fonte (PP-PE) – R$ 300 mil.

Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: