Folha de S. Paulo


PT quer recurso para tentar derrubar ida de Okamotto à CPI

Zanone Fraissat - 8.mai.2013/Folhapress
O executivo Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula
O executivo Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula

Após terem levado bronca do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por terem deixado aprovar a convocação do chefe de seu instituto, petistas compareceram em peso à CPI da Petrobras nesta terça-feira (16) e articularam um contra-ataque que inclui um recurso para tentar derrubar a ida de Paulo Okamotto à comissão.

A bancada estuda solicitar ao plenário da Câmara que reavalie a convocação de Okamotto. O requerimento relativo ao braço-direito de Lula foi aprovado em bloco, junto com outros 139, na sessão da última quinta (11). Na avaliação de petistas, porém, os requerimentos deveriam ter sido votados separadamente.

O PT também estuda protocolar pedido de convocação de algum integrante do Instituto Fernando Henrique Cardoso, sob o argumento de que o ex-presidente tucano também recebeu doações da Camargo Corrêa, investigada na Operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção na Petrobras.

A estratégia do PT foi comunicada ao Palácio do Planalto. Integrantes do governo afirmaram à Folha que petistas querem constranger o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), a apreciar o requerimento relativo ao Instituto FHC.

Peemedebistas, entretanto, já admitem nos bastidores que a ofensiva contra o tucano deve ser barrada, o que deve gerar novo foco de desgaste entre PMDB e PT.

A convocação de Okamotto pela CPI teve como base registros contábeis da Camargo Corrêa obtidos pela Polícia Federal na Lava Jato que identificaram doações de R$ 3 milhões ao Instituto Lula.

A aprovação da convocação irritou o ex-presidente, que fez cobranças aos petistas e até ao vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB). Okamotto é uma espécie de braço-direto de Lula há anos. Relator da CPI, o petista Luiz Sérgio (RJ) acusou o Palácio do Planalto de falta de atenção com a comissão de inquérito.

Nesta terça, todos os seis petistas integrantes da CPI compareceram à sessão, ao contrário de reuniões anteriores.

Eles aproveitaram para reclamar do resultado das últimas sessões de convocações, atrasando os depoimentos de dois ex-integrantes da empresa Sete Brasil.

Houve bate-boca entre parlamentares. O deputado Izalci (PSDB-DF) disse que Lula "deu uma esculhambação geral nos seus empregados ou nos seus comandados".

ACAREAÇÕES

Criticado na condução dos trabalhos, o presidente da CPI afirmou que não iria aceitar ilação sobre sua atuação. Também afirmou que Temer nunca lhe telefonou para interferir no seu trabalho à frente da comissão.

Antes de marcar a data para ouvir Okamotto, Motta afirmou que vai priorizar o cronograma com as acareações que serão feitas na CPI. As sessões estão previstas para começar no próximo dia 30.


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