Folha de S. Paulo


No Congresso, 8% dos parlamentares têm origem libanesa

A imigração libanesa ao Brasil trouxe ao país famílias que mais tarde entrariam para o panteão político, como Haddad, Maluf e Kassab.

Eram imigrantes vindos de diversas regiões, como o monte Líbano, o vale do Beqaa e a região de Kura, em diferentes ondas migratórias a partir do final do século 19.

Eles viajaram ao Brasil por pressão política e crises econômicas na região, trabalhando no comércio ambulante e criando pequenas empresas. "A base era o empreendimento familiar, que era a tradição vinda dos pequenos vilarejos do Líbano", afirma à Folha o brasileiro-libanês Roberto Khatlab.

Segundo Khatlab, da Universidade Saint-Esprit de Kaslik, os imigrantes se interessaram primeiro pela medicina, antes de ir à política.

A guinada ocorreu devido à atenção prestada por eles ao que acontecia no Oriente Médio, enquanto comunidades debatiam seu futuro após o fim do Império Otomano, que dominava a região. "Nos anos 1940 começaram a estudar direito."

De acordo com Khatlab, há 8% de parlamentares de origem libanesa no Congresso brasileiro. Eles formam um grupo liderado pelo deputado Ricardo Izar (PSD).

Não há uma estatística oficial sobre quantos brasileiros têm origem libanesa. O número varia entre 4 e 7 milhões. O Líbano tem 4,4 milhões de habitantes, hoje.

Ao contrário da documentação sobre imigrantes de outras regiões, como a Itália, há poucos registros sobre libaneses no Brasil. Diversos desses papéis ainda estão nas casa de descendentes ou em clubes. Khatlab chefia um projeto recente de conservação desses arquivos, com previsão de iniciar esse trabalho em breve no Brasil.

A Folha procurou, no Líbano, as famílias de outros políticos brasileiros. A busca pela família Kassab, porém, teve menos sucesso do que aquela à procura dos familiares de Haddad e Temer.

Em Aabadieh, próximo a Beirute, moradores informaram a reportagem de que os descendentes dos antepassados de Gilberto Kassab já não moram ali. Parentes distantes de um santo maronita (denominação cristã local), Nimatullah Yussef Kassab al-Hardini, eles vieram todos para o Brasil.

A família Maluf também não pode ser visitada -a região de Haddeth Baalbek, no norte do Líbano, tem sido alvo de ataques de militantes nos últimos meses, devido a sua proximidade com a Síria.


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