Folha de S. Paulo


Dirigentes do PT hostilizam Cunha, mas sigla rejeita ruptura com PMDB

O PT rejeitou neste sábado (13), em seu 5º Congresso Nacional, a revisão da política de alianças do governo da presidente Dilma Rousseff, que tem como principal aliado o PMDB, partido do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Apesar da decisão, dirigentes petistas ecoavam gritos de "fora, Cunha" enquanto era discutida a proposta sobre uma ruptura com o PMDB e demais partidos aliados já para as eleições de 2016, como propunham alas mais à esquerda do PT.

O líder do governo no Congresso, deputado José Guimarães (PT-CE), que defende a manutenção do sistema de coalizão, disse que não estava ali em favor do presidente da Câmara. "Não estamos aqui defendendo Cunha", disse Guimarães aos gritos.

"Vocês não sabem como é. No Congresso, matamos um leão por dia. Não podemos isolar o governo", disse o deputado.

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP), que também saiu em defesa do PMDB, disse que há "democratas" entre os aliados, mas chamou Cunha de "oportunista de ocasião."

"Não é porque um oportunista de ocasião conseguiu se alçar à Presidência da Câmara que vamos perder conquistas de doze anos", disse Zarattini.

No twitter, o presidente da Câmara ironizou os ataques do PT. "Quero agradecer as manifestações de hostilidade no congresso do PT. Isso é sinal que estou no caminho certo. Ficaria preocupado e se fosse aplaudido lá".

O texto rejeitado pelos petistas dizia que "o presidencialismo de coalizão está esgotado, dando espaço e poder ao principal dos 'aliados', muitas vezes, o sabotador do governo, o PMDB, que opera pela contrarreforma política e pela revisão do regime da partilha do pré-sal."

ECONOMIA

Em acordo com a ala majoritária do PT, um grupo liderado pela Mensagem ao Partido, segunda maior tendência petista, aprovou uma emenda sobre a política econômica do governo federal com críticas ainda mais atenuadas do que já havia no texto-base, aprovado na quinta-feira (11).

O texto final não citará o nome do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e dirá que é preciso "conduzir a orientação geral da política econômica para implementação de estratégias para a retomada do crescimento para a defesa do emprego, do salário e dos demais direitos dos trabalhadores que permita a ampliação das políticas sociais."

A edição inicial da emenda propunha "alteração da política econômica", expressão que foi trocada de última hora, em acordo, para "conduzir a orientação geral da política econômica."

CPMF

A reedição da CPMF havia sido incluída no texto base pelo presidente do PT, Rui Falcão, que foi aprovado na quinta-feira (11), mas o debate virou uma queda de braço entre PT e governo. O trecho foi retirado do documento final.

Foi mantido no texto base a proposta de imposto sobre grandes fortunas, imposto sobre herança e imposto sobre lucros e dividendos como um aceno do governo à esquerda.

A emenda que propunha incluir a auditoria da dívida pública foi rejeitada.


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