Folha de S. Paulo


Há 'luta política' para desqualificar PT na véspera do congresso, diz Okamotto

Presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto disse à Folha nesta quinta-feira (11) que ''é muita coincidência'' a divulgação às vésperas do 5º Congresso do PT do laudo da Operação Lava Jato mostrando uma doação da Câmargo Corrêa no valor de R$ 3 milhões à entidade comandada pelo ex-presidente da República.

O PT abriu nesta quinta (11) seu 5º Congresso, em Salvador, que contará com a presença do ex-presidente e de Dilma Rousseff.

Nesta quinta, a CPI da Petrobras aprovou um bloco de 140 requerimentos que incluem a convocação de Okamotto e acareações entre o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto e outros investigados na Lava Jato. Ele será chamado para explicar as doações da Camargo Corrêa, investigada no esquema de corrupção da Petrobras.

"Você faz luta política e tenta potencializar. Toda vez que tem evento importante do PT há algum tipo de movimentação em algum lugar para tentar desqualificar o partido, isso é uma coisa notória. Sempre acontece alguma coisa na véspera das coisas do partido'', disse Okamotto.

O presidente do Instituto Lula disse que não é ''novidade'' que Lula cobra por palestras.

"Se for para explicar as doações da empresas, já é público e notório que Lula faz palestras para ramo de construção, bancos, alimentos, indústria de bebidas. Quando são palestras de caráter empresarial, elas costumam ser cobradas, tem cachê. Tem contrato e é tudo contabilizado''.

Para Okamotto, há uma ''luta política'' para desgastar Lula e o PT.

"Lula é do PT, é uma operação para atingir todo mundo que é do PT. Tudo que se faz, que se tenta destruir tem o objetivo de pegar o PT e os petistas todos''.

Para um outro aliado de Lula, ouvido reservadamente, o ex-presidente virou alvo porque é a única opção do governo em 2018. Nas palavras de um interlocutor do ex-presidente, a eleição já começou com a ''caça ao Lula''.

EVENTOS DO PT

Em 14 de novembro, a cunhada de João Vaccari Marice Corrêa de Lima, foi levada à Polícia Federal para prestar esclarecimentos sobre a Lava Jato. Quinze dias depois, o diretório nacional do PT se reuniu em Fortaleza. Vaccari fez um discurso em sua defesa para dizer que todas as contribuições que recebeu para a legenda são legais. "Nunca fiz nada de errado", afirmou na época.

Em fevereiro, o PT comemorou seu aniversário em Belo Horizonte. Na véspera do evento, Vaccari foi levado para depor na Polícia Federal. O tesoureiro compareceu ao evento e foi aplaudido por petistas amigos durante reunião.

Em depoimento concedido em acordo de delação premiada, Pedro José Barusco Filho, ex-gerente de engenharia da Petrobras, estima que o PT tenha recebido entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões entre 2003 e 2013.

Vaccari foi preso pela PF em abril.


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