Folha de S. Paulo


Em tom irônico, Serra sugere a governo 'subornar' países para evitar gasto desnecessário

Ao participar ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) de uma audiência pública sobre pacto federativo, o senador José Serra (PSDB-SP), por duas vezes candidato à Presidência da República, sugeriu ao governo nesta terça-feira (9) em tom irônico, que recorra ao "suborno" para evitar desperdício de recursos públicos em obras que ele considera faraônicas.

Serra falava sobre a suposta inclinação da gestão petista em defender obras caríssimas e sem demanda da população –como o projeto do trem-bala, que ligaria São Paulo ao Rio de Janeiro.

O projeto defendido por Dilma Rousseff, que sofreu sucessivos atrasos, é criticado há muito tempo por Serra. Nesta terça, ao participar da audiência pública em uma das comissões da Câmara dos Deputados, o tucano voltou a abordar o assunto.

Em sua fala, contou uma história para ilustrar sua crítica. A de que o churrasco foi inventado há muito tempo pelos chineses, após a seguinte situação: uma família saiu para trabalhar e prendeu os bichos em casa, como era comum na época. A casa pegou fogo e, na volta, ao sentirem um cheiro agradável vindo do porco queimado, chamaram toda a aldeia para comer a carne do animal.

Daí, prossegue Serra, toda vez que queriam fazer um churrasco, repetiam o ato. Trancavam os bichos e incendiavam a casa.

Serra afirmou que o governo, ao defender o trem-bala sob o argumento que o país obterá tecnologia que hoje não possui, repete a prática de fazer um churrasco trancando o porco e tocando fogo na casa. Ou seja, aceitaria gastar R$ 75 bilhões por uma obra sem demanda popular para obter tecnologia que, em sua avaliação, não custaria nem meio bilhão de reais.

"Quer tecnologia? Compra, suborna. Russos, chineses. Não vai gastar R$ 75 bilhões", discursou o senador.

Vários dos presentes à reunião riram da história do churrasco. Não houve reações ao comentário sobre o suborno.

Após a audiência, Serra afirmou que fizera uma óbvia brincadeira com o único intuito de ilustrar o disparate que, em sua visão, representa o projeto do trem-bala.


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