Folha de S. Paulo


Levy não pode ser tratado como Judas, diz Dilma em entrevista

A presidente Dilma Rousseff afirmou que as críticas do PT ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy, são injustas. "Não se pode fazer isso, criar um Judas. [...] É bem típico e uma forma errada de resolver o problema", disse a petista em entrevista publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" nesta segunda-feira (8).

"A responsabilidade não é exclusiva dele", justificou a presidente. Nesta quinta-feira (11), tem início o 5º Congresso do PT, no qual são esperadas críticas ao titular da Fazenda.

Dilma cobrou do Congresso Nacional a aprovação da lei de desoneração, parte do ajuste fiscal proposto pelo governo para melhorar suas contas.

O projeto, inicialmente elaborado como medida provisória, foi devolvido pelo presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), no início de março. Reenviado como projeto de lei, ainda não foi votado.

A petista criticou a proposta para a Previdência aprovada pela Câmara dos Deputados –a regra 85/95, que permite que alguns contribuintes se aposentem mais cedo sem perdas pelo fator previdenciário– e afirmou que ela "precisa ser alterada".

"A proposta de ser progressiva é viável. Mas ainda estamos estudando. Tem de ter mudanças."

Ainda assim, a presidente diz não considerar sua relação com o Congresso Nacional difícil. "Temos tido um processo de discussão bastante efetivo e eu não diria que é tão diferente do passado."

"O governo não está a reboque do Congresso. Pelo contrário. Temos relação independente e harmoniosa. Se você for olhar, o Congresso, até agora, não se caracterizou por dar uma derrota ao governo", avaliou.

FIFA

Dilma Rousseff também comentou as recentes denúncias de corrupção na Fifa, defendendo a investigação tanto do órgão como da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Ela afirma que as apurações, porém, não devem encontrar problemas relativos à Copa no Brasil.

"Não precisamos pagar para ninguém para trazer a Copa, que foi a mais lucrativa de que se tem notícia."

TERCERIZAÇÃO E MAIORIDADE PENAL

O discurso do governo sobre o projeto de lei aprovado na Câmara que permite a terceirização de todas as atividades no setor privado continua o mesmo.

"Eu não sou contra a terceirização (...) Porém, tem de cuidar para não acabar com a diferença entre atividade-meio e atividade-fim, porque aí você 'pejotiza' e informaliza o mercado de trabalho, que eu acho que é a grande característica ruim da lei", disse a presidente.

Sobre outra discussão polêmica no Congresso, Dilma se reafirmou contra a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos.

"Eu não sou a favor por um motivo muito simples: onde ocorreu, ficou claro que isso não resultava em proteção aos jovens."


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