Folha de S. Paulo


Manifestantes promovem panelaço em casamento em que Dilma é madrinha

A presidente Dilma Rousseff foi recebida com vaias e um panelaço em sua chegada ao casamento do cardiologista Roberto Kalil Filho com a endocrinologista Claudia Cozer, na noite deste sábado (9), em São Paulo.

Com panelas e apitos, um grupo de cerca de 30 manifestantes gritou palavras de ordem contra a presidente e seu partido. Foram ouvidos cantos como "Fora, PT" e "Dilma Ladra".

Com o panelaço, moradores de prédios vizinhos e frequentadores de bares da região próxima ao bufê aderiram ao protesto –que começou com pouco mais de dez pessoas e chegou a reunir 30 manifestantes. O Leopolldo, onde se realizou o casamento, fica no Itaim, bairro de classe alta na zona oeste da capital paulista.

A presidente, que chegou atrasada, era uma das madrinhas do casamento –o cardiologista é médico de Dilma e de outros políticos, como o ex-presidente Lula.

Fabio Braga/Folhapress
Manifestantes protestam contra a presidente no casamento do cardiologista Roberto Kalil, em SP
Manifestantes protestam contra a presidente no casamento do cardiologista Roberto Kalil, em SP

Segundo relatos de presentes, o protesto pôde ser ouvido pelos convidados durante a cerimônia, mas não durante o jantar –realizado em outro espaço do bufê.

Dilma deixou o local por volta de 22h45. No jantar, sentou-se à mesma mesa que os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), além do ex-presidente Lula e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

"Eu acho um despropósito, nesse momento de crise, a presidente participar de uma festa como essa", disse o administrador Luiz Alberto, 51, que carregava uma panela e uma colher de pau.

Outro manifestante, o empresário Eduan Pinheiro, 34, que se identificou como membro do movimento Acorda Brasil, disse que mais integrantes do grupo participavam da manifestação.

Com um cartaz na mão, com frases contra o apoio do governo brasileiro ao venezuelano Nicolás Maduro, a hoteleira Celene Salomão, 49, criticou a postura da presidente em não recriminar a prisão de líderes oposicionistas do país vizinho.

"Isso é um absurdo, o Brasil não merece esse governo federal", dizia ela, que se disse membro do Movimento Brasil Livre.

Políticos da oposição também foram alvo dos manifestantes. O senador José Serra (PSDB-SP) foi cobrado a ingressar com um pedido de impeachment contra Dilma. "Eu votei no senhor e o senhor está nos decepcionando", gritou Adriano Cantelli, 33, funcionário de cartório.

Fabio Braga/Folhapress
Celene Salomão protesta contra a presidente Dilma Rousseff na frente do casamento do cardiologista Roberto Kalil, em SP
Celene Salomão protesta contra a presidente Dilma Rousseff na frente do casamento do cardiologista Roberto Kalil, em SP

O presidente do Senado, Renan Calheiros, foi outro que ouviu, em sua chegada, gritos a favor do impeachment da presidente. Por volta de 22h, já com a cerimônia em andamento, manifestantes levaram faixas pedindo a "'desPTização' do Estado brasileiro", a "investigação de Lula e Dilma" a "Pela abertura da caixa-preta do BNDES".

Entre os manifestantes, havia também integrantes dos movimentos Avança Brasil e Brasil Melhor.

Além da presidente, de Lula e de Serra, nomes como o secretário da Saúde de São Paulo, David Uip, foram padrinhos de Kalil e Claudia.

Também estiveram na cerimônia o prefeito Fernando Haddad (PT), o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o secretário municipal de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo –como a presidente, os três últimos ouviram vaias; Padilha foi chamado de ladrão.


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