Folha de S. Paulo


Secretário de Segurança do Paraná vira alvo de grevistas

Reproducao/Facebook
Foto de Fernando Francischini, que tem o mote de
Foto de Fernando Francischini, que tem o mote de "tolerância zero" em sua página no Facebook

O secretário de Segurança do Paraná, Fernando Francischini, gosta de falar em público e dar entrevistas. Mas desde a operação policial que deixou quase 200 feridos –a maioria professores– em um protesto de servidores, na quarta (29), ele anda calado.

Deputado federal licenciado e delegado da PF, Fransischini, 45, usa o mote "tolerância zero". Assumiu a pasta a convite do governador Beto Richa (PSDB) em dezembro e, como ex-PM, ganhou apoio da corporação.

Após os protestos, porém, virou alvo dos manifestantes. "Quero saber se vai cair o secretário que mandou nos agredir", gritavam servidores na sexta-feira (1º).

Nas redes sociais, em que costuma se comparar ao Batman e elogiar o trabalho das polícias, sua última aparição foi no dia 28 –véspera da operação em Curitiba.

Em seu perfil no Facebook, a foto de capa o mostra de camisa preta e braços cruzados, com a frase: "Lei & Ordem", nome de uma série de TV e de uma de suas operações.

Na semana passada, quando três assaltantes morreram baleados pela PM em Curitiba, pediu que os policiais fossem elogiados, "e não criticados por suposta truculência".

O confronto entre PMs e ativistas ocorreu enquanto deputados aprovavam projeto que transfere 33 mil aposentados de um fundo deficitário para outro superavitário. Alegando perdas futuras na previdência, os servidores eram contrários à migração.

Em cartazes, professores em greve chamavam Francischini de "criminoso".

A oposição já o apelidou de "xerife". Ele anda armado e já chegou a se vestir de bombeiro em uma operação.

'PULSO FIRME'

Francischini tem seu eleitorado cativo. Em 2014, foi reeleito deputado federal pelo Solidariedade com quase 160 mil votos –o sexto mais votado do Paraná.

Muitos dos eleitores e seguidores do Facebook o veem com "pulso firme".

Na semana passada, para impedir que a Assembleia fosse novamente invadida, a PM convocou oficiais de todo o Estado. O objetivo era garantir a votação do projeto.

No dia do confronto, 1.600 PMs faziam a segurança. Bombas de gás foram lançadas sobre os manifestantes por uma hora. O líder do governo na Casa, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), pediu a Francischini o fim do bombardeio. O secretário negou, alegando que os ativistas avançavam contra a polícia.

Em outras ocasiões, ao também ouvir apelos de deputados, disse que era quem estava no comando.

Em entrevistas, Richa defendeu o secretário.

Francischini não atendeu ao pedido de entrevista da Folha. A pasta da Segurança argumenta que a PM adotou o uso progressivo da força, tentando conter black blocs.


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