Folha de S. Paulo


Atos contra Dilma atingem 25 capitais, mas número de manifestantes cai

Manifestantes foram às ruas novamente neste domingo (12) para protestar o governo Dilma (PT). O número de participantes, porém, foi bem menor do que o registrado no primeiro protesto contra a petista: cerca de 543 mil em 24 capitais e no Distrito Federal, segundo a Polícia Militar.

Na manifestação do último dia 15, também segundo a PM, foram 1,7 milhão.

Em São Paulo, 100 mil ocuparam a av. Paulista, segundo o Datafolha.

Em algumas capitais, os organizadores culparam a chuva pelo esvaziamento –caso de Salvador, Belém, Manaus e Porto Alegre. Macapá (AM) e Boa Vista (RR) não tiveram protestos.

No Rio, lideranças admitiram que falhas na organização –com cada movimento marcando um horário– acabaram confundindo os manifestantes. Cerca de 20 mil pessoas, segundo os organizadores, foram à orla de Copacabana.

Mas os organizadores também reconheceram um certo desânimo. "As pessoas achavam que Dilma sofreria o impeachment logo após a manifestação. Como isso não aconteceu, elas se desanimaram. É um imediatismo por conta da situação crítica que o Brasil está vivendo", disse a economista Maria Fernanda Gomes, 31, uma das coordenadoras do MBL do Rio.

Lideranças dos movimentos em Cuiabá criticaram o intervalo de quase um mês entre os protestos. "Não pode haver um hiato nas ações, o povo cansa e acaba desestimulado. Mas não vamos desistir", disse Alcimar Moretti, do Muda Brasil.

DILMA, LULA E TOFFOLI

Além da presidente Dilma e do ex-presidente Lula, o ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), também foi um dos alvos preferidos dos manifestantes. No Rio e em Belém, faixas e gritos de guerra contra Toffoli, que presidirá o julgamento dos casos relacionados à Operação Lava Jato, foram destaques.

Em Copacabana, manifestantes exibiam faixas dizendo que que tê-lo no julgamento do caso era o mesmo que "colocar a raposa para tomar conta do galinheiro".

Em Curitiba, cidade sede da Operação Lava Jato –que investiga um esquema de corrupção na Petrobras– e que concentrou um dos maiores protestos deste domingo, o engenheiro José Luiz Pellegrini exibia o cartaz: "Curitiba te espera, Lula".

"Ele é o chefe da quadrilha. O Moro [juiz federal Sergio Moro] vai pegar ele", afirmou.

Alusões ao juiz foram frequentes no protesto deste domingo não apenas em Curitiba, mas em várias cidades do país. Já em Salvador, a estrela foi o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa, relator no processo do mensalão. Um boneco gigante dele desfilou pelas ruas da capital baiana.

Assim como em outros protestos, foi grande a divergência entre os números da PM e dos manifestantes. Em Cuiabá, por exemplo, a PM calculou o dobro dos manifestantes estimado pelos próprios organizadores: 3.000, contra 8.000.

Em Brasília, a PM calculou que 25 mil foram às ruas, contra 40 mil na conta dos manifestantes.

Com reportagem de PORTO ALEGRE, CURITIBA, SALVADOR, BELÉM, BELO HORIZONTE e colaboração de SÃO LUÍS, RECIFE, CUIABÁ e VITÓRIA.


Endereço da página:

Links no texto: