Folha de S. Paulo


Manifestantes também atacam a oposição em ato contra governo em SP

Os movimentos que foram às ruas em São Paulo neste domingo (12) contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) fizeram também duras críticas à oposição, principalmente ao PSDB e ao senador Aécio Neves (MG), segundo colocado na disputa pelo Palácio do Planalto em 2014.

Entre os gritos contra Dilma, o ex-presidente Lula e o PT, lideranças do MBL (Movimento Brasil Livre) e do Vem Pra Rua, dois dos principais organizadores dos atos pelo país, fizeram discursos críticos à oposição e cobraram de Aécio uma postura mais atuante e efetiva em favor do impeachment.

Os senadores tucanos Aloysio Nunes (SP) e José Serra (SP) também foram cobrados para que seja instaurado no Congresso um processo de impeachment contra a presidente, assim como presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado (PMDB-AL). Todos eles se declaram contra o impeachment de Dilma.

Kim Kataguiri, coordenador nacional do MBL, disse que a oposição não pode continuar com "uma postura frouxa". Já Renan Santos, outra liderança do MBL, criticou Aécio nominalmente e disse que o tucano "sumiu" nas últimas semanas.

Aécio tem divulgado vídeos em suas redes sociais para fazer convocação aos protestos mas não compareceu a nenhuma das manifestações.

Durante os discursos, centenas de manifestantes entoavam, embaixo do carro de som do MBL, o coro "oposição de merda" e "PSDB filho da puta".

Um quarteirão à frente, em cima do caminhão do Vem Pra Rua, Rogério Chequer discursava. "Exigimos mais oposição, investigação e punição. Fora Dilma, fora Lula e fora PT", resumiu o líder do movimento, bastante aplaudido.

No último protesto anti-Dilma, em 15 de março, as críticas à oposição foram inibidas pela presença de diversos tucanos na manifestação em São Paulo. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) e os secretários do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Edson Aparecido (Casa Civil) e Floriano Pesaro (Desenvolvimento Social), estavam entre os que compareceram à avenida Paulista.

Na ocasião, nenhum deles discursou, impedidos pelos movimentos que se dizem apartidários.

Neste domingo (12), os deputados Paulinho da Força (SDD-SP), Roberto Freire (PPS-SP), Jair Bolsonaro (PP-RJ) e seu filho, Eduardo Bolsonaro (PSC-RJ), que já compareceu armado a um dos protestos de oposição ao governo federal, eram os políticos presentes.

Segundo Jair Bolsonaro, os políticos "têm medo de estar nesse movimento". "Sou bem tratado pelo meu passado mas Aécio deveria estar aqui. Político tem que estar com o povo", disse o deputado à Folha enquanto posava para dezenas de fotos com manifestantes.

Empunhados das mesmas bandeiras de quase um mês atrás, milhares de pessoas que vestiam camiseta oficial da seleção brasileira de futebol e pintavam o rosto de verde e amarelo pediam o impeachment de Dilma e o fim da corrupção.

O protesto deste domingo levou à avenida Paulista 14 carros de som, três deles que faziam defesa da intervenção militar. "Mudança não é Aécio, mudança é intervenção", diziam os apoiadores do SOS Forças Armadas.

Além deles, estavam presentes o Revoltados Online, o Movimento Liberal Acorda Brasil, o Movimento Civil XV de Março, o Solidariedade, partido político liderado por Paulinho da Força (SP), entre outros.

Em 15 de março, Paulinho foi vaiado ao tentar iniciar um discurso político e desistiu de fazê-lo. Neste domingo, disse que não iria nem tentar falar em cima do carro de som.

PRÓXIMOS PASSOS

No dia em que testaram seu poder de mobilização, os movimentos contrários ao governo Dilma levaram 100 mil à Paulista, segundo o Datafolha. Para a Polícia Militar, foram 275 mil.

Durante o protesto, o MBL anunciou a organização de uma marcha a Brasília que terá início na próxima sexta-feira (17), com saída da Praça Pan-americana, zona oeste de São Paulo. A meta é chegar à capital federal em 20 de maio e fazer uma grande manifestação, diz Kataguiri.

Já Rogério Chequer, do Vem Pra Rua, diz que representantes de 50 movimentos anti-PT vão a Brasília na quarta-feira (15) para pedir uma pauta das ruas para o Congresso.

"A aliança do PMDB não tem que ser com o PT, mas com a rua", afirmou. (Amanda Massuela, Angela Boldrini, Anna Rangel, David Friedlander, Fabiano Maisonnave, Flávio Ferreira, Graciliano Rocha, Gustavo Uribe, José Emmanuel Sarinho, Laura Lewer, Marina Dias e Patricia Pamplona)


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