Folha de S. Paulo


'Investigação ainda está no começo', diz procurador da Lava Jato

Mais de um ano após o início da Lava Jato, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que coordena as investigações, declarou que a operação que investiga um esquema de corrupção na Petrobras "ainda está no seu começo" e que outros órgãos serão atingidos.

"Essa investigação vai nos levar a mares nunca dantes navegados", afirmou ele, durante entrevista coletiva da 11ª fase da operação, deflagrada nesta sexta (10) e que prendeu sete pessoas, sendo três ex-deputados.

A nova fase investiga desvios na Caixa Econômica Federal e no Ministério da Saúde, feitos a partir de contratos de publicidade.

"É algo que todos esperavam há muito tempo [chegar a outros órgãos públicos]", disse o delegado federal Igor Romário de Paula. "Isso não vai ficar circunscrito à Petrobras. É um modelo de negócios que se reproduz pelo Brasil, para a contratação com o poder público."

Segundo a Polícia Federal, 10% do valor dos contratos de publicidade mantidos com a Caixa e o Ministério da Saúde eram desviados. Os valores eram repassados a empresas de fachada do ex-deputado André Vargas (ex-PT, hoje sem partido) e do seu irmão, Leon Vargas –os dois foram presos nesta sexta.

Diretor da agência Borghi/Lowe em Brasília, Ricardo Hoffmann, que detinha as contas de publicidade da Caixa, também foi preso temporariamente. Segundo a PF, porém, ainda não se pode afirmar se a agência tinha conhecimento do esquema.

Outros detido é o ex-deputado Luiz Argôlo (ex-PP e hoje Solidariedade-BA). Também houve ordem de prisão contra o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE), que já estava preso em Pernambuco por condenação no processo do mensalão. Foi encaminhado ofício para o presídio para que ele seja transferido para a PF em Curitiba.

Outras três pessoas ligadas aos políticos também foram presas. Uma nora de Corrêa foi levado a prestar depoimento.

Fotomontagem
Os ex-deputados André Vargas (sem partido), Luiz Argolo (SD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE)
Os ex-deputados André Vargas (sem partido), Luiz Argolo (SD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE), que tiveram prisão preventiva pedida pela Justiça na Operação Lava Jato, que apura corrupção na Petrobras

PRÓXIMOS PASSOS

A polícia e o Ministério Público, agora, querem saber quem são os demais destinatários da propina, além dos ex-deputados presos.

Servidores da Caixa e do Ministério da Saúde devem ser ouvidos pela polícia. As empresas de fachada que recebiam a propina terão seus sigilos bancário e fiscal quebrados.

Contratos da área de comunicação da Petrobras também devem ser investigados em próximas etapas da Lava Jato, segundo o procurador Lima. "Temos áreas ainda intocadas na investigação", declarou.

Outros órgãos públicos, segundo ele, também estão na mira da força-tarefa, que já recebeu informações preliminares sobre novos desvios.


Endereço da página:

Links no texto: