Folha de S. Paulo


Protesto da CUT contra terceirização em SP vira ato em favor da saúde

O protesto convocado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e por diversos movimentos sindicais e sociais contra o projeto que amplia a terceirização em empresas e órgãos públicos no país reuniu nesta terça-feira (7), em São Paulo, bem menos manifestantes do que o previsto pela organização, e acabou virando um ato em defesa da saúde.

Apesar de ser uma manifestação com viés trabalhista –e com bandeiras como a defesa da democracia e da Petrobras–, o que se viu foi um protesto pela defesa do SUS (Sistema Único de Saúde) e da saúde pública.

No dia 7 de abril é comemorado o Dia Mundial da Saúde. O sindicato do setor havia convocado um ato para a data, ao qual a CUT aderiu.

Os organizadores previam que 10 mil pessoas fossem à manifestação na capital paulista, que começou em frente ao Hospital das Clínicas e terminou na praça da República, região central da cidade. No fim do ato, no entanto, a CUT dizia que eram mil pessoas participando, enquanto a Polícia Militar estimava 400 manifestantes.

No protesto de 13 de março, segundo o Datafolha, 41 mil participaram de ato na capital paulista com centrais sindicais e movimentos sociais em defesa da Petrobras e da presidente Dilma Rousseff.

Poucas lideranças, porém, estiveram presentes nesta terça. Representantes da UNE (União Nacional dos Estudantes) e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que também convocaram para o protesto, não compareceram.

O presidente da CUT em São Paulo, Adi dos Santos, justificou a pouca adesão ao protesto. Segundo ele, o ato foi menor do que o esperado porque a direção nacional da central sindical decidiu enviar manifestantes para Brasília, onde o PL 4330, sobre a terceirização, deve ser votado ainda nesta terça na Câmara dos Deputados.

Adi afirma que, caso a proposta seja aprovada em primeira votação, as centrais e os movimentos sociais vão intensificar os protestos. "A CUT não vai defender esse projeto de jeito nenhum", disse.

Editoria de Arte/Folhapress

OUTROS LOCAIS

Houve protestos em pelo menos outras dez cidades, como Porto Alegre, Fortaleza, Maceió, Salvador e João Pessoa. Nos aeroportos, os manifestantes abordaram parlamentares que se dirigiam a Brasília cobrando o veto à ampliação da terceirização.

Trabalhadores ainda fizeram manifestações em São José dos Campos e em Jacareí, ambas cidades no interior de São Paulo, nas portas das fábricas da GM, da Embraer e da Chery.

Na capital gaúcha, os manifestantes de centrais sindicais e de movimentos sociais também fizeram uma panfletagem no centro da cidade pela manhã. Um grupo de cerca de 50 pessoas foi até a Assembleia Legislativa e permanecia dentro da Casa até o início da tarde desta terça. Uma comissão de sindicalistas foi recebida pelo presidente da Assembleia, Edson Brum (PMDB).

Em João Pessoa, os manifestantes convocaram novo protesto para a próxima terça-feira (10), quando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), deve visitar o Estado. "Vamos protestar contra a posição conservadora que ele tem em relação aos trabalhadores e contra a reforma política proposta pelo PMDB", disse Marcos Henriques, dirigente da CUT-PB.

Em Salvador, os sindicalistas que estavam no aeroporto não conseguiram abordar o relator do PL 4330, deputado Arthur Maia (SD-BA), que foi a Brasília na segunda (6). "Ele driblou a gente e viajou com antecedência. Não quis enfrentar o embate conosco", disse o presidente da CUT-BA, Cedro Costa e Silva.

Em entrevista à Folha, Maia disse que riu muito do protesto. "Dei muita risada. Uma manifestação que reúne apenas 400 pessoas em São Paulo deve ser considerada um grande fracasso", afirmou.

FGTS

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, esteve reunido nesta manhã com Eduardo Cunha para tratar do projeto. A preocupação do governo é em relação à queda na arrecadação do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e nas contribuições previdenciárias das empresas que ampliarem o quadro de funcionários terceirizados.

Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), defende que a terceirização irá ampliar o número de empregos no país.

"Em nível Brasil, a regulamentação da terceirização poderá gerar 3 milhões de novos empregos. Sem quebra à CLT, mais empregos formais!", escreveu, no Twitter. O mesmo é defendido pela CNC (Confederação Nacional do Comércio).

Com reportagem de SÃO PAULO, SALVADOR e BELO HORIZONTE


Endereço da página:

Links no texto: