Folha de S. Paulo


Empreiteiras são acusadas de desvios no metrô de Salvador

Empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras também foram acusadas pelo Ministério Público Federal de terem superfaturado o metrô de Salvador em 1999, maior obra da gestão do atual vice-presidente da CPI da Petrobras, deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA), à época prefeito da capital baiana.

O TCU (Tribunal de Contas da União) detectou sobrepreço de ao menos R$ 166 milhões, em valores da época, e responsabilizou gestores indicados por Imbassahy, além das empresas envolvidas, as mesmas que agora serão investigadas pelo tucano na CPI.

Sérgio Lima - 27.mar.2014/Folhapress
O deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB-BA)
O deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB-BA)

Inaugurado no ano passado, o metrô de Salvador tem 7,5 km de extensão, levou 14 anos para ficar pronto e consumiu mais de R$ 1 bilhão.

As irregularidades nas obras levaram o Ministério Público a mover duas ações –que acabaram suspensas porque o Superior Tribunal de Justiça considerou ilegais grampos telefônicos da Operação Castelo de Areia e derrubou o caso. O Ministério Público, porém, recorre no Supremo Tribunal Federal.

As obras do metrô, cujo contrato foi assinado em 1999, foram feitas por um consórcio formado por Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Siemens.

Segundo informações da Operação Lava Jato, essas duas primeiras empresas fizeram parte, desde o início, do chamado "clube" de empreiteiras que atuou na Petrobras. Sobre a Siemens, a Procuradoria diz que ela não participou das irregularidades.

As investigações sobre o metrô de Salvador apontaram que o consórcio pagou uma empresa italiana que havia feito a melhor proposta na licitação para que desistisse da obra. O repasse, segundo a Procuradoria, foi feito por meio de um contrato de cerca de R$ 10 milhões para fornecimento de equipamentos.

Documentos apreendidos apontam ainda, segundo a investigação, que foi formado um consórcio oculto com outras empreiteiras que também participariam das obras: Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Constran e Alstom.

Dessas, só a Alstom não aparece como associada ao "clube" da Lava Jato, mas é apontada como integrante de cartel no Metrô de São Paulo.

A Constran não aparece diretamente, mas pertence ao grupo UTC –um de seus executivos, Ricardo Pessoa, é acusado de chefiar o "clube".

A Engevix, outra envolvida no escândalo da Petrobras, foi contratada como supervisora das obras em Salvador e também é alvo do TCU.

DOAÇÕES

Nas eleições do ano passado, Imbassahy recebeu doações de R$ 30 mil da Braskem, empresa ligada à Odebrecht, R$ 250 mil da OAS e R$ 76,8 mil da UTC.

A CPI da Petrobras, que já tem mais de um mês de funcionamento, não aprovou nenhum requerimento para convocar representantes dessas empresas ou para quebrar sigilos delas.


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