Folha de S. Paulo


Polícia Federal prende presidente do Grupo Galvão na Operação Lava Jato

A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira (27) o diretor-presidente e membro do conselho de administração do Grupo Galvão, Dario de Queiroz Galvão Filho, em mais uma ação da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras.

Dario foi preso em casa, em São Paulo, na qual a PF também cumpriu mandado de busca e apreensão.

Ele é o segundo executivo do grupo a ir para a prisão na Lava Jato. Já está preso desde novembro Erton Fonseca, diretor-presidente da Galvão Engenharia, uma das empresas do Grupo Galvão.

A Polícia Federal também prendeu na manhã desta sexta, no Rio, Guilherme Esteves, apontado como operador do esquema que distribuía propinas a dirigentes da Petrobras e políticos em troca de contratos da petroleira estatal.

Dario Galvão e Esteves serão levados à sede da PF em Curitiba.

'MANDANTE'

O juiz federal Sergio Moro, que ordenou as prisões, disse em despacho que havia "risco à ordem pública" caso o empreiteiro continuasse em liberdade porque mais crimes poderiam ser praticados.

Moro também argumentou que depoimentos já tomados, como o do operador Shinko Nakandakari, apontaram Dario Galvão como o "mandante" de crimes praticados pela empresa, como corrupção e lavagem de dinheiro.

A ordem de prisão cita ainda a detenção de Fonseca. "Seria até estranho manter a prisão preventiva de Erton Fonseca, como fez este juízo e todas as instâncias recursais até o momento, e deixar em liberdade aquele quem as provas em cognição sumária apontam como mandante", escreveu Moro.

O juiz diz que é "perturbador" a revelação de que propinas continuaram a ser pagas ainda em 2014, depois da deflagração da Operação Lava Jato, e criticou a tese da defesa da empresa, de que houve extorsão.

Como provas já obtidas, o magistrado citou contratos firmados entre a Galvão e uma empresa de fachada do doleiro Alberto Youssef. A investigação aponta que houve o pagamento por serviços que nunca existiram e que tinham sido simulados para lavar dinheiro.

O juiz afirmou que já foram obtidos contratos entre as duas partes em valores que somam R$ 4,1 milhões. Outras notas fiscais mostram pagamentos em um total de R$ 1,3 milhão para a empresa de Youssef.

A Galvão Engenharia entrou com um pedido de recuperação judicial na Justiça do Rio nesta semana. O objetivo do procedimento, em que fornecedores e credores deixam de ser pagos, é evitar a falência.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

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AS FASES DA OPERAÇÃO LAVA JATO

2014

17.mar
Polícia Federal deflagra a Operação Lava Jato em seis Estados e no DF e cumpre 130 mandados judiciais. São apreendidos R$ 5 milhões em dinheiro, 25 carros de luxo, joias, quadros e armas. Dezessete pessoas são presas, entre elas, Alberto Youssef, doleiro suspeito de comandar o esquema

20.mar
PF cumpre 6 mandados de busca e 1 de prisão temporária. Diretor de abastecimento da Petrobras de 2004 a 2012, Paulo Roberto Costa é preso pela PF sob a suspeita de destruir e ocultar documentos. Costa passou a ser investigado após ganhar, em março do ano passado, um carro de luxo do doleiro Alberto Youssef, apontado como um dos líderes do esquema

11.abr
PF cumpre 16 mandados de busca, 3 de prisão temporária e 6 de condução coercitiva. PF amplia investigações sobre negócios suspeitos da Petrobras e faz operação de busca e apreensão na sede da estatal, no Rio

11.jun
PF cumpre 1 mandado de busca e 1 mandado de prisão preventiva. Justiça volta a decretar a prisão de Paulo Roberto Costa por ele ter ocultado que controlava contas na Suíça com saldo de US$ 23 milhões. O dinheiro foi bloqueado pelas autoridades do país europeu

1.jul
PF cumpre 7 mandados de busca, 1 de prisão temporária e 1 de condução coercitiva. João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado, que trabalhava com o doleiro Alberto Youssef, é preso

22.ago
PF cumpre 15 mandados de busca e 1 de condução coercitiva. Após a PF fazer operações de busca em empresas de sua filha, Paulo Roberto Costa aceita fechar acordo de delação premiada com procuradores que atuam na Operação Lava Jato para deixar a prisão

14.nov
PF cumpre 49 mandados de busca, 6 de prisão preventiva, 21 de prisão temporária e 9 de condução coercitiva. A ação atinge dez empresas, entre elas gigantes como a Camargo Côrrea e a OAS

2015

14.jan
PF cumpre 1 mandado de prisão preventiva. Ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró é preso "porque há fortes indícios de que Cerveró continua a praticar crimes, como a ocultação do produto e proveito do crime no exterior, e pela transferência de bens (valores e imóveis) para familiares. Além disso, há evidências de que ele buscará frustrar o cumprimento de penalidades futuras", disse o Ministério Público

5.fev
PF cumpre 40 mandados de busca e apreensão, 18 de condução coercitiva, 03 mandados de prisão temporária e 01 de prisão preventiva. O tesoureiro do PT, João Vaccari, é levado para depor. Essa nova fase tem como foco o pagamento de propinas na diretoria de Serviços da Petrobras e na BR Distribuidora

16.mar
PF cumpre 2 mandados de prisão preventiva e 4 de prisão temporária na 10ª fase da operação. O ex-diretor da Petrobras Renato Duque volta a ser preso. Além dele, são alvo o empresário Adir Assad, suspeito de lavar dinheiro, Lucélio Goes, filho de Mario Goes, já preso e apontado como operador do esquema de corrupção, Sonia Mariza Branco, Dario Teixeira Alves Junior e Sueli Maria Branco

Editoria de Arte/Folhapress

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