Folha de S. Paulo


Petistas do Sul querem saída de envolvidos em corrupção

Em carta aberta, dirigentes estaduais do PT do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina pediram mudanças na política econômica do governo federal e o afastamento de filiados do partido indiciados em casos de corrupção –caso do tesoureiro nacional da legenda, João Vaccari Neto.

"Defendemos revisão das medidas econômicas adotadas até o momento de forma a garantir a implantação do nosso programa de governo, reafirmando uma plataforma de reformas estruturais", afirma o manifesto, elaborado em reunião promovida na última segunda-feira (23).

Em outro item, o documento prega aplicar estatuto da sigla que prevê a suspensão dos direitos partidários de indiciados até que as suspeitas sejam esclarecidas.

A carta foi elaborada horas após Vaccari ter se tornado réu por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.

"A falta de clareza nesse momento histórico está prejudicando o nosso partido", avaliou o presidente do PT gaúcho, Ary Vanazzi.

Desde a segunda-feira (23), Vaccari tem admitido, em conversas com aliados, a possibilidade de pedir afastamento do cargo de tesoureiro.

A ideia inicial era que ele só se afastasse depois de assentada a crise no governo federal. O petista, porém, tem dado sinais de que não resistirá por muito mais tempo.

Segundo a Folha apurou, Vaccari se queixa da exposição de sua vida pessoal, sobretudo pela veiculação diária de sua imagem em jornais e na televisão.

A data da saída dependerá de orientação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se reunirá na segunda-feira (30), em São Paulo, com o comando nacional da sigla.

Nesta quinta (26), Vaccari deve tratar da hipótese de afastamento com o presidente nacional do PT, Rui Falcão.

A saída do cargo contraria estratégia da defesa do tesoureiro. A avaliação é que seu afastamento poderia reforçar a tese do Ministério Público e ser interpretada como admissão de culpa.


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