Folha de S. Paulo


Presos da Lava Jato não devem ter tratamento especial

Os parentes dos executivos presos na Operação Lava Jato terão de passar pelos mesmos procedimentos de revista dos familiares dos demais detidos do Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

Segundo a Secretaria da Segurança do Paraná, não haverá medidas de segurança específicas para as famílias dos suspeitos de envolvimento no escândalo da Petrobras, que foram transferidos para o local nesta terça-feira (24).

Também não haverá um horário separado de visitas, o que deixará os familiares sujeitos a filas na entrada.

Dez presos da Lava Jato já estão na unidade estadual –entre eles, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, o presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, e o diretor da Galvão Engenharia, Erton Medeiros Fonseca.

Outros dois devem ser transferidos nesta quarta (25): o lobista Fernando Soares e o vice-presidente da Engevix, Gerson Almada.

Segundo a Secretaria da Segurança, os parentes que visitam os presos são submetidos a detectores de metal e raio-x e passam por revista nas roupas. A revista íntima só é feita em "último recurso", quando há presos com histórico de receber materiais proibidos na cadeia.

Na carceragem da Polícia Federal, os parentes não precisavam passar por essa inspeção. As visitas ocorriam no parlatório, em que o preso fica separado por um vidro, ou diante de um agente federal.

Em Pinhais, as visitas serão de sexta a domingo, por um período de até 2h30 para cada preso. Os executivos ficarão em uma ala separada, junto a detentos idosos ou com curso superior.

Na segunda, o secretário da Segurança do Paraná, Fernando Franceschini, afirmou que não haverá privilégios no complexo. "A orientação tanto do juiz quanto da PF é: nem um centímetro acima nem abaixo do que todo preso comum que tem direito a cela especial recebe", disse.

A advogada Lívia Novak, que defende Mario Goes, apontado como operador do esquema, disse que a transferência visa constranger os presos e que não é razoável que "réus confessos tenham tratamento privilegiado" –referência à permanência de suspeitos na carceragem da PF.

Cerca de um quarto dos 680 presos em Pinhais está detido por "medidas de segurança", aplicadas a detentos com problemas mentais.

Luciano Veronezi/Editoria de arte/ Folhatress

Endereço da página: