Folha de S. Paulo


Empresas dizem ter contratado Dirceu para negócios no exterior

Parte das empresas que contratou os serviços de consultoria de José Dirceu informou ter recorrido aos serviços do ex-ministro do governo Lula para prospectar negócios no exterior.

Com boa relação entre políticos sobretudo da América Latina, Dirceu foi pago para atuar em países como Cuba, Venezuela, Peru e Nicarágua, entre outros.

O ex-ministro também foi contratado para atuar como "consultor político" de empresas como o Grupo ABC, holding fundada pelo publicitário Nizan Guanaes e que congrega 14 companhias. Ele prestou consultoria ao grupo durante cinco anos.

Segundo relatório da Receita Federal divulgado na terça (17), a empresa de consultoria de José Dirceu recebeu R$ 29,3 milhões entre 2006 e 2013. O documento com a quebra de sigilo fiscal do petista foi incluído na ação penal em que ele é investigado na Operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção na Petrobras.

Entre os clientes que constam no documento estão empresas de diferentes setores da economia, como construtoras, empresas de energia, do setor de bebidas, além de escritórios de advocacia.

Pedro Ladeira/Folhapress
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O laboratório farmacêutico EMS, empresa que mais pagou pelos serviços de Dirceu (R$ 7,8 milhões), afirmou em nota que o trabalho, que durou cinco anos, "teve a finalidade de internacionalizar" e diversificar os negócios do grupo em outros países, sem citar quais.

A Adne Consulting Group, controladora indireta da ARS Energia, disse ter recorrido ao ex-ministro com o "objetivo de prospectar oportunidade de negócios na área de geração de energia no Peru e na Nicarágua". O contrato, vigente entre maio de 2007 e setembro de 2009, teve custo total de R$ 600 mil. Segundo a Adne, ele foi "encerrado em razão do insucesso do objetivo".

A Ambev também informou ter contratado Dirceu, ao custo de R$ 1,5 milhão, para uma consultoria na Venezuela, onde a companhia disse ter enfrentado problemas.

Ministro da Casa Civil no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre 2003 e 2005, Dirceu passou a atuar como consultor após deixar o Planalto, na esteira do escândalo do mensalão.

Condenado a dez anos e dez meses de prisão por envolvimento no caso, ele continuou faturando por meio da empresa, inclusive no período em que esteve preso –menos de um ano– na Penitenciária da Papuda, em Brasília.

Em nota, Dirceu afirmou ter prestado os serviços em todas as consultorias pelas quais foi contratado e que sua empresa sempre "assessorou seus clientes na prospecção de negócios no exterior". O ex-ministro ressaltou que nunca tratou com seus clientes de qualquer assunto relacionado à Petrobras.


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