O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) pediu nesta quarta (18) a demissão do ministro Thomas Traumann (Secretaria de Comunicação), apontado como autor de uma análise interna que admite falhas na comunicação do governo e diz que o país enfrenta hoje um "caos político".
Divulgada na terça-feira (17) pelo jornal "O Estado de S. Paulo", a análise da Secom aborda estratégias da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff e admite o uso de "robôs" para disseminar conteúdo favorável ao governo nas redes sociais.
"Principal vetor de propagação do projeto dilmista nas redes, o site Muda Mais acabou. Os robôs que atuaram na campanha foram desligados e a movimentação dos candidatos do PT foi encerrada", afirma a análise.
O documento propõe um realinhamento com blogs que defendem Dilma e o governo na internet e afirma que o governo precisam "municiar" a "guerrilha virtual".
"Passa pela sua cabeça que, em um país civilizado, um órgão da Presidência, comandado por alguém que tem status de ministro, forneça munição para a guerrilha de soldados de fora do governo, numa ação coordenada de propaganda política misturada com propaganda? É crime", disse Aloysio.
O tucano pediu ainda a convocação de Traumann à Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado para explicar o episódio.
Além de mencionar os robôs usados a favor de Dilma, o documento da Secom afirma que o PSDB usou o mesmo expediente na eleição e que, ao contrário da petista, continua pagando uma rede de disseminação de conteúdos anti-Dilma. Segundo a análise, os tucanos gastaram R$ 10 milhões de novembro a março com esse intuito.
Oficialmente, o PSDB nega ter usado robôs na campanha eleitoral e hoje. Colaboradores da campanha ouvidos pela Folha disseram que praticamente toda a equipe montada para a eleição foi demitida e que os valores apontados pelo documento da Secom são completamente fora da realidade de quem trabalha com internet.