Folha de S. Paulo


Mônaco bloqueia 10 milhões de euros de Zelada, ex-diretor da Petrobras

A Justiça de Mônaco determinou o bloqueio de 11,6 milhões de euros (cerca de R$ 40 milhões) em contas atribuídas ao ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada.

O Ministério Público Federal do Paraná, que divulgou a informação, suspeita que a quantia foi obtida por ele de maneira ilegal. Na semana passada, os procuradores receberam informações de que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque movimentou dinheiro de vários países para Mônaco, e os valores – 20 milhões de euros, ou cerca de R$ 68 milhões– também acabaram bloqueados. Duque foi preso nesta segunda-feira (16).

Zelada foi diretor da área Internacional da Petrobras entre 2008 e 2012, substituindo Nestor Cerveró. Ele não é réu em processos envolvendo a Lava Jato, ao contrário de outros ex-diretores.

O procurador da República Deltan Dallagnol, no entanto, afirmou na segunda que já há elementos que mostram enriquecimento ilícito de Zelada. Mas diz que é preciso mais investigação para levar o caso à Justiça.

Alan Marques - 29.mai.2014/Folhapress
O ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada em sessão da CPI
O ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada em sessão da CPI

"Não basta provar que uma determinada pessoa, um funcionário público que ganhou sempre um valor moderado, tem zilhões de reais no exterior. Se nós tivéssemos o crime de enriquecimento ilícito [na legislação], nós estaríamos hoje oferecendo acusação criminal contra Zelada. Nós não temos e devemos prosseguir a investigação."

O advogado de Zelada, Eduardo de Moraes, disse que não pode se manifestar a respeito porque ainda não teve acesso aos documentos sobre o bloqueio. Mas afirma que o ex-diretor teve uma conduta "ilibada" quando ocupou o cargo na estatal.

Em depoimento prestado em 24 de novembro, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco acusou Jorge Zelada de ter recebido propina antes de chegar ao alto escalão da estatal.

Ele afirmou que recolhia o dinheiro e, em determinada ocasião, chegou a entregar R$ 120 mil em mãos, na casa de Zelada, no Rio de Janeiro. O ex-gerente da Petrobras não soube dizer, porém, se Zelada foi beneficiado pelo suborno quando já estava na cadeira na diretoria da Petrobras.

Barusco diz ter conhecimento que houve pagamentos ilegais a Zelada quando ele ainda era gerente geral da companhia. Cita como exemplo as obras de construção das plataformas P-51 e P-52 como negócios em que Zelada participou da divisão da propina.

PRISÃO

Na segunda-feira (16), Renato Duque foi preso porque a Justiça Federal considerou que havia grave risco ao procedimento de repatriação do dinheiro enviado para o exterior caso ele permanecesse em liberdade. Duque já havia sido detido em 2014 e nega que possua recursos fora do Brasil.

Na semana passada, R$ 182 milhões em contas do ex-gerente Pedro Barusco na Suíça foram repatriados.

Editoria de arte/Folhapress

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