O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) um pedido para investigar se o senador Fernando Bezerra (PSB-PE) participou do esquema de desvio de recursos da Petrobras desvendado pela Operação Lava Jato.
Como o pedido foi protocolado nesta quinta-feira (12), o ministro Teori Zavascki, responsável pela Lava Jato no STF, ainda não analisou o caso. A expectativa é que nos próximos dias ele defira a investigação e torne público os termos em que Janot pede a abertura de inquérito sobre o senador.
Em conversas reservadas, a presença de Bezerra na Lava Jato chegou a ser questionada por deputados e senadores. Isso porque, quando foi derrubado o sigilo das delações premiadas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, o parlamentar era citado, mas não foi pedida investigação sobre ele na chamada "lista do Janot".
Marcelo Camargo-11.jan.2012/Folhapress | ||
O senador Fernando Bezerra, ex-ministro da Integração Nacional do governo de Dilma Rousseff |
Pessoas próximas aos procuradores da Lava Jato disseram à Folha que, na semana passada, quando os pedidos foram enviados ao STF, ainda restava a realização de uma diligência para buscar elementos que corroborassem a suposta participação de Bezerra no esquema.
Como se tratava de um único caso, os procuradores preferiram enviar a "lista" para o STF e, posteriormente, pedir a investigação sobre Bezerra.
COSTA
Num dos depoimentos de Paulo Roberto Costa, o delator disse que foi procurado por Bezerra para viabilizar recursos para a campanha de reeleição do falecido governador de Pernambuco Eduardo Campos.
Costa disse que posteriormente soube, através de Youssef, que R$ 20 milhões teriam sido entregues à campanha.
OUTRO LADO
Por meio de nota, o senador Fernando Bezerra Coelho diz que "recebeu com perplexidade sua inclusão entre os agentes políticos investigados na Operação Lava Jato".
Praticamente uma semana após o pedido de abertura de investigação ao STF, o nome de Fernando é tardiamente relacionado na lista, quando o Ministério Público Federal já havia concluído esta etapa", diz o texto.
Ainda segundo a nota, Bezerra diz que em 2010 não ocupou nenhuma coordenação na campanha à reeleição do ex-governador Eduardo Campos, que não conhece e nem teve contato com Alberto Youssef.
"Os contatos com o então diretor da Petrobras, Sr. Paulo Roberto Costa, foram estritamente institucionais, próprios do cargo que ocupava no Estado de Pernambuco. A generalidade da referência ao nome do Senador Fernando Bezerra Coelho não converge para uma circunstância mínima capaz de justificar a abertura de investigação".
A nota termina afirmando que o senador "está confiante, como sempre esteve, que ao final das investigações irá provar sua inocência".