Folha de S. Paulo


Patrimônio de alvo da Lava Jato cresce 137% em 4 anos

Apontado pelos delatores da Operação Lava Jato como um dos principais beneficiários da distribuição de dinheiro no PP, o deputado federal Nelson Meurer, do Paraná, passou, entre a eleição de 2010 e a do ano passado, de um patrimônio de R$ 1,5 milhão para R$ 4,7 milhões.

Descontada a inflação, o aumento real é de 137%. Na lista, estão R$ 762 mil guardados em casa ou em um cofre.

Na declaração à Justiça Eleitoral em 2014, passaram a integrar sua lista de bens dois barcos, um jet-ski e mais três automóveis. Entre as duas eleições, ele deixou de ser proprietário de um supermercado no Paraná.

A maior parte do valor de seu patrimônio vem de um terreno rural na cidade de Francisco Beltrão, estimado em R$ 3,1 milhões, que Meurer diz que já era seu.

Zeca Ribeiro - 17.set.2013/Folhapress
O deputado Nelson Meurer (PP-PR), investigado pela Lava Jato, no plenário da Câmara
O deputado Nelson Meurer (PP-PR), investigado pela Lava Jato, no plenário da Câmara

Ele é um dos 32 políticos do partido que tiveram pedidos de investigação autorizados no Supremo Tribunal Federal na semana passada.

Meurer, 72, está em seu sexto mandato seguido na Câmara. Ele não foi localizado para falar sobre o assunto.

O doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disseram em depoimentos que Meurer recebeu, na campanha de 2010, ao menos R$ 4 milhões que tinham como origem propinas pagas na Diretoria de Abastecimento da Petrobras.

Próximo a José Janene, que comandava o partido até morrer em 2010, o paranaense foi descrito na delação como integrante de um grupo que liderava a sigla e distribuía dinheiro a colegas.

Youssef afirmou que os repasses mensais a Meurer e outros líderes da sigla, incluindo o ex-ministro Mario Negromonte (PP-BA), chegavam a R$ 300 mil mensais.

Em 2011, Meurer foi eleito líder do partido na Câmara. Youssef afirmou que a escolha ocorreu mediante "pagamento de valores" a correligionários, que somavam R$ 5 milhões.

O deputado durou poucos meses no cargo. À época, o PP vivia uma intensa disputa interna, que culminou com a saída de Negromonte do Ministério das Cidades. O doleiro afirmou que o motivo da rusga havia sido a diminuição dos repasses aos demais membros do partido diante de um "autofavorecimento" do grupo de líderes.


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