Folha de S. Paulo


MST ocupa centro de pesquisa de eucalipto transgênico em Itapetininga

Cerca de mil mulheres militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam nesta quinta-feira (5) um centro de pesquisa científica de propriedade da fábrica de celulose Suzano Papel e Celulose em um protesto contra os alimentos transgênicos, informou a organização em comunicado.

Foram invadidas as instalações da FuturaGene Brasil Tecnologia, uma empresa em Itapetininga, no estado de São Paulo, onde a fábrica de celulose faz pesquisas com transgênicos para melhorar sua produtividade.

De acordo com o MST, a ação, que se engloba na Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas, pretende alertar sobre os perigos cultivo de eucaliptos transgênicos no Brasil.

A ocupação coincide com uma reunião convocada para esta quinta-feira pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), entidade vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia que pretende votar a liberação comercial do eucalipto transgênico no Brasil.

A FuturaGene prevê que a mudança permitirá um aumento de 20% na produtividade do eucalipto, o que colocaria o país na vanguarda da produção mundial de pasta de papel obtida de sua fibra.

No entanto, vozes críticas ao projeto alegam que a plantação de eucaliptos transgênicos apenas favoreceria a fábrica de celulose Suzano. De acordo com o MST, a permissão provocaria vários prejuízos econômicos, sanitários e ambientais.

A plantação de eucalipto geneticamente modificado exige, de acordo com o movimento, o uso de produtos agrotóxicos como a sulfluramida –elemento cancerígeno proibido pelo Convênio de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes, que foi assinado por 153 países, inclusive o Brasil.

O MST alega que seu cultivo também prejudicaria os produtores de matérias-primas orgânicas, como o mel, já que sua produção poderia ser contaminada durante o processo de polinização das abelhas pelas substâncias presentes nas árvores transgênicos.

A organização diz também que o ciclo de crescimento destes eucaliptos se reduz de 7 anos a 5 anos e meio, para o qual é preciso um aumento do uso de recursos hídricos, o que, na opinião do MST, representa um sério problema em um país que atualmente atravessa uma das maiores secas de sua história.


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