Folha de S. Paulo


Em primeiro discurso no Senado, Serra critica atuação do PT na economia

Moreira Mariz/Divulgação - 4.mar.15/Agência Senado
José Serra (PSDB-SP) faz seu primeiro discurso no Senado
José Serra (PSDB-SP) faz seu primeiro discurso no Senado

O senador José Serra (PSDB-SP) focou seu primeiro discurso no Senado em uma avaliação crítica da atual situação econômica do país em decorrência dos governos do PT. Para o tucano, o país enfrenta a pior crise financeira.

"Estamos diante de uma crise econômica de grande tamanho. Não me lembro de uma crise tão acentuada e tão difícil quanto esta na economia brasileira. Incluam aí os anos do João Goulart, os anos do Collor, quando aquele governo recebeu a herança de 90% ao mês de inflação, fez o Plano Collor, etc. A meu ver, a situação hoje é mais difícil. Tem menos raio de manobra pela frente do que tinha nessas oportunidades", afirmou da tribuna do plenário do Senado.

Segundo sua avaliação, o país viveu um excelente período econômico no início dos anos 2000 mas a partir do segundo mandato do ex-presidente Lula, a situação começou a piorar. "Na verdade, um pouco antes, da segunda metade da década passada. Foi nessa oportunidade que, de alguma maneira, se pôs o ovo da serpente da nossa crise. E olhem que a economia brasileira, na década passada, enfrentou ou desfrutou de uma situação de bonança externa como não houve no século XX inteiro", ressaltou.

O tucano criticou a política de juros elevados adota por Lula durante a crise econômica internacional, o que, para ele, levou o país à desindustrialização. "O governo Lula cometeu a façanha de fazer uma política de juros em elevação, apesar da abundância de dinheiro externo. Em geral, o governo procura subir juros quando tem escassez de divisas e precisa atrair dinheiro", disse.

"O Brasil se desindustrializou sob o ímpeto dessa política, paradoxalmente, comandada, não digo nem que conscientemente, por um ex-operário industrial, que comandou a desindustrialização brasileira", emendou.

Serra, que disputou a presidência da República por duas vezes, em 2002 e 2010, classificou o governo Dilma como "fraco", sem capacidade para "antecipar os acontecimentos" e que teve uma "colher de chá da oposição" que foi pouco "veemente".

Para ele, Dilma utilizou os mesmos artifícios que seu antecessor mas já em um cenário econômico diferente, o que levou ao aprofundamento da crise econômica. "Dilma teve, também, uma colher de chá da oposição, uma oposição pouco veemente para o desgoverno que já caracterizou o seu período de administração. [...] Mas o governo foi fraco e, principalmente, diante dos desafios que se lhe apresentavam. Afinal de contas, governo existe para antecipar os acontecimentos", disse.

Sobre a Petrobras, o senador afirmou que a estatal estaria em dificuldades mesmo que não houvesse escândalo. "A minha tese é de que, mesmo sem petrolão, a Petrobras estaria vivendo uma crise parecida com a que está vivendo hoje, é preciso ter isso claro", disse. Ele, no entanto, ressaltou que o esquema de corrupção na empresa não se pode dizer exatamente que o governo tem culpa.


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