Folha de S. Paulo


'Se país fosse parlamentarista, governo Dilma já tinha caído', afirma Alckmin

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), avaliou nesta terça-feira (3) que, se o regime político do Brasil fosse parlamentarista, e não presidencialista, o governo Dilma Rousseff (PT) já tinha caído, "porque perdeu a confiança".

Segundo ele, o governo federal enfrenta uma crise tanto política como ética, mas considerou não haver razões neste momento para pedir o impeachment da presidente.

"Em relação ao impeachment, não vejo neste momento razão para isso. Nós acabamos de sair de um processo eleitoral", disse. "Se o regime fosse parlamentarista, o governo já tinha caído, porque perdeu a confiança. No presidencialismo, um impeachment é extremamente traumático", acrescentou.

O tucano defendeu que é necessário aguardar o término das investigações feitas pela Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras. Para ele, até agora não houve provas de crime de responsabilidade da petista no escândalo.

Em entrevista à rádio Jovem Pan, o tucano observou que é difícil prever os desdobramentos do escândalo na Petrobras, mas considerou que o seu partido, o PSDB, não teme a lista de políticos com foro privilegiado que devem ser alvo de inquérito, que será entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

"Nós temos uma crise grave econômica, extremamente difícil. Somada a ela, uma crise política, difícil de prever o desdobramento. E uma crise também de natureza ética, porque é inimaginável uma pessoa de quarto escalão, no primeiro aperto, dizer que devolve US$ 100 milhões. É uma situação difícil", afirmou, em referência ao ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que concordou em devolver a quantia desviada.

O governador lembrou que, quando foi deputado federal, votou pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor (1990-1992), mas observou que, diferente de Dilma Rousseff, o atual senador pelo PTB tinha, à época, pouco apoio no Congresso Nacional.

"O Brasil tem um momento excepcional agora, que é acabar com a cultura da impunidade para o colarinho branco", defendeu.

O tucano avaliou que as manifestações de rua são "extremamente saudáveis", mas defendeu que o PSDB não participe de protestos que pedem o impeachment da presidente. Um ato contra o governo federal está marcado para o dia 15 de março, em várias capitais do país.

"O PSDB não vai participar de manifestação, porque ela é da sociedade, é espontânea", disse.

LULA

O tucano avaliou como "extremamente infeliz" declaração feita na semana passada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em ato em defesa da Petrobras, o petista citou um "exército" comandado por João Pedro Stédile, do MST (Movimento dos Sem-Terra), para defender a atual presidente.

"Tudo que o Brasil não precisa é brasileiro contra brasileiro. É pregar a discórdia. [Lula] Foi extremamente infeliz", disse o tucano.


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