Folha de S. Paulo


Maioria no Brasil é conservadora, diz Cunha em culto

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou neste domingo (1º), em encontro com evangélicos no Rio, que a sociedade "pensa como nós pensamos" e que é preciso "deixar que a maioria seja exercida, e não a minoria".

No templo da igreja Vitória em Cristo, com capacidade para 6.000 pessoas, o peemedebista usou o termo "minoria" para referir-se a uma manifestação de cem ativistas de direitos gays que protestaram contra ele em São Paulo.

O deputado disse que órgãos de imprensa dão cobertura maior aos ativistas gays, porque "acham que a minha presença lá [como presidente da Câmara] significa a presença do conservadorismo".

"Mas não sou eu que não vou deixar a pauta progressista andar, não sou eu que sou conservador", disse. "A maioria da sociedade pensa conforme nós pensamos. É só deixar que a maioria seja exercida, e não a minoria."

Cunha afirmou que sua presidência servirá para buscar "independência e harmonia" do Legislativo com os demais poderes. Ele, no entanto, salientou que, por estar no "centro do processo", irá tentar mostrar "aquilo que o evangelho exerce" e lutará para que os princípios da igreja evangélica sejam "levantados e defendidos".

"É dessa forma que vamos enfrentar. Temos disposição, sim, e não vamos tergiversar com as nossas posições nunca. Sempre estaremos lá para, acima de tudo, que nossos princípios sejam levantados e defendidos. E é isso que nós vamos fazer", disse.

PROTESTO

Em São Paulo, ativistas da causa LGBT se reuniram em frente ao diretório do PMDB, próximo ao parque do Ibirapuera, e malharam um boneco de pano que representava, segundo eles, o cadáver do deputado. O objeto tinha uma foto do rosto de Eduardo Cunha com chifres e batom.

A ideia do protesto surgiu após o presidente da Câmara afirmar, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", que a legalização do aborto só seria aprovada "por cima do meu cadáver". "Aborto eu não vou pautar nem que a vaca tussa", disse. "Aborto e regulação de mídia, só passando por cima do meu cadáver."

Tanto homens como mulheres, do grupo A Revolta da Lâmpada –o nome faz referência ao ataque com lâmpadas a gays na avenida Paulista, em 2010–, passaram por cima do "cadáver" de Cunha. Em seguida, dois homens deitaram-se em cima do boneco e se beijaram na boca.


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