Folha de S. Paulo


Relator da CPI quer investigar desvios desde o período FHC

Depois da instalação da CPI da Petrobras na Câmara nesta quinta (26), o deputado relator da comissão, Luiz Sérgio (PT-RJ), afirmou querer investigar o recebimento de propina por um ex-gerente da estatal na época do governo do tucano Fernando Henrique Cardoso.

O relator indica que poderá extrapolar o período previsto no requerimento de criação da CPI, que limitou a apuração entre 2005 a 2015. "A dinâmica do dia a dia da CPI é que vai ditar isso", disse.

"A bancada do PT tem preparado um requerimento sobre essa questão, porque o mais importante delator da Lava Jato afirma que praticava esses delitos antes da chegada do PT ao governo."

Luiz Sérgio se referia ao depoimento do ex-gerente Pedro Barusco. Em sua delação premiada, ele afirmou à Polícia Federal que começou a receber propina da empresa holandesa SBM Offshore entre 1997 e 1998.

O ex-gerente também relatou na mesma série de depoimentos que o esquema da Petrobras rendera ao PT entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões entre 2003 e 2013.

Já o deputado tucano Antônio Imbassahy afirmou que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, por ser um dos investigados na Operação Lava Jato, deve ser um dos convocados para dar explicações.

O plano de trabalho da CPI será apresentado na próxima semana pelo relator, que foi eleito ontem para o cargo. Ele ficará responsável por ditar o ritmo da comissão e por apresentar o relatório final.

Também foi eleito presidente da CPI o deputado Hugo Motta (PMDB-PB), que obteve 22 votos contra 4 de Ivan Valente (PSOL-SP).

Às vésperas da divulgação da lista de políticos envolvidos na Lava Jato, que deve ocorrer na próxima semana, a sessão não teve trocas de acusações entre partidos nem críticas às empresas investigadas no esquema.

Dos 54 integrantes da CPI, 9 respondem a ações penais ou a inquéritos no STF Supremo Tribunal Federal. Desses, três são titulares –dos quais dois respondem a ações e um a inquérito– e seis são suplentes. As acusações são de crime da lei de licitações, peculato, crime de responsabilidade e falsidade ideológica, entre outras.

DOAÇÕES

A sessão de instalação da CPI foi marcada por um questionamento do PSOL à isenção dos parlamentares que receberam doações das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato.

Ivan Valente apresentou uma questão de ordem pedindo o afastamento dos parlamentares que receberam doações dessas empresas, sob o argumento de que a participação deles feria o regimento interno e o código de ética. A proposta foi rejeitada.

Levantamento da Folha mostrou que ao menos 12 dos 27 integrantes, incluindo presidente e relator, receberam pelo menos R$ 3 milhões de empreiteiras investigadas. As doações foram registradas legalmente na Justiça Eleitoral.


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