Folha de S. Paulo


Janot se reúne com Cardozo às vésperas de denunciar políticos ao STF

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o procurador-geral da Republica, Rodrigo Janot, se reuniram na noite desta quarta-feira (25) no gabinete da PGR. O encontro não constou da agenda de nenhuma das duas autoridades.

A reunião ocorreu às vésperas da apresentação, por Janot, da denúncia ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra políticos no âmbito da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras.

A denúncia era esperada ainda para fevereiro, mas foi adiada. A expectativa agora é que ocorra na semana que vem. Serão apresentadas denúncias contra aqueles que o Ministério Público considera já ter provas de participação no esquema.

Também serão abertos inquéritos contra as autoridades em que só há indícios de participação no esquema.

Procurado pela Folha na manhã desta quinta-feira (26), Janot confirmou a reunião e disse que foi sobre um projeto de lei de iniciativa conjunta da PGR e do ministério que cria uma subprocuradoria para tratar especificamente do combate a corrupção.

Ele não soube precisar a duração do encontro e afirmou que em nenhum momento discutiu com Cardozo a apresentação da lista de políticos a serem denunciados ou a terem inquérito aberto na Lava Jato.

Questionado se a reunião constou de sua agenda, o procurador-geral da República disse que não costuma tornar públicos esses compromissos.

Procurado desde a noite de quarta-feira, Cardozo só respondeu às 9h15 desta quinta, depois que Janot já havia confirmado a reunião por telefone.

"Estive discutindo com o procurador-geral medidas legislativas para encaminhamento ao Congresso em áreas de atribuição comum entre o poder executivo e o MPF [Ministério Público Federal]", afirmou o ministro.

Sobre a reunião não constar da agenda, informou: " Foi um compromisso marcado ontem durante à tarde e constará, junto com as demais situações ocorridas durante o dia, de atualização da minha agenda."

O último compromisso que consta da agenda de Cardozo foi uma reunião com o secretário de Segurança de São Paulo, Alexandre Moraes, às 19h de quarta.

EMPREITEIRAS

O ministro da Justiça tem sido alvo de questionamentos por ter se encontrado com advogados de empreiteiras acusadas de participação no esquema de corrupção investigado pela Lava Jato.

A oposição também o acusa de ter informações privilegiadas sobre o trabalho do Ministério Público pelo fato de, em entrevistas recentes, ter dito que a apresentação da lista de Janot poderia ampliar as investigações para partidos fora da base aliada de Dilma Rousseff.

A Comissão de Ética da Presidência pediu explicações ao ministro sobre os encontros com advogados.

Ao abrir a lista de políticos, o procurador-geral deve dar publicidade a parte dos processos, mantendo em sigilo somente os casos em que o segredo de Justiça se faça necessário para não atrapalhar a produção de provas.

Dentro dos processos da Lava Jato, Janot ainda trabalhará na produção de sugestões a serem enviadas ao Legislativo. Sua intenção é, a partir das fragilidades identificadas, propor leis que possam evitar futuros casos de corrupção como os identificados na Lava Jato.


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