Folha de S. Paulo


Investigadas buscam luz no fim do túnel, diz Okamotto sobre reuniões

O presidente do instituto Lula, Paulo Okamotto, confirmou que ele e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva são procurados por empresas investigadas na operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção na Petrobras. Segundo ele, os empresários estão preocupados com o impacto econômico da investigação.

Okamotto afirmou que essas não são as únicas empresas a recorrer ao ex-presidente em busca de socorro. "A empresa automobilística, por exemplo, está procurando conversar com o governo para saber se vai haver uma política de incentivo", disse, nesta sexta-feira (20), à Folha.

"[As investigadas] São pequenas empresas que estão sem receber de fornecedores da Petrobras e da própria Petrobras. Não é um problema só delas, é um conjunto de empresas que estão sofrendo dificuldades econômicas e financeiras e eu dou uma perspectiva no fim do túnel", disse Okamotto.

Os encontros vieram à tona após reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", em reportagem publicada nesta sexta, informar que os executivos pediriam que o ex-presidente fizesse uma intervenção política para evitar o colapso econômico das empresas.

Segundo o jornal, Okamotto se reuniu com representante da UTC, alvo da operação Lava jato, para discutir a situação. Ela afirmou que o empresário manifestou preocupação "porque estava sentindo que os bancos estavam fechando as portas, porque estava parando o pagamento às empresas".

Sem citar nomes de empresas, o presidente do Instituto Lula disse que os empresários buscam uma interlocução com o instituto Lula "por conta dessa paralisia que acontece". Questionado se todos querem falar pessoalmente com Lula, disse que "não necessariamente".

"O presidente não pode ficar atendendo a todo mundo. As pessoas nem procuram pessoalmente, mandam e-mail, telefonam."

Segundo relato de Okamotto, o governo é acionado diante das reclamações. " O governo diz: 'Estamos sabendo disso. É uma coisa que vem desde a campanha, estamos atentos de que não estão mais pagando, estão cancelando encomendas'', descreve.

MINISTROS

Ainda segundo ele, os empresários buscam orientação de "como se posicionar", inclusive na relação com o governo. E afirma que recomenda que os empresários procurem os ministros, como os da Fazenda e do Desenvolvimento.

"Tem que procurar as pessoas para contar a história. Porque várias coisas estão acontecendo. O governo tem que ficar atento, conversando com o setor empresarial, para saber o que está acontecendo."

A queixa, afirma, não se restringe ao setor petrolífero. "Quem faz torno, conexões, faz engenharia, trabalho de montagem etc., busca informação para se posicionar para tentar ganhar dinheiro, pagar os empregados, para assim continuar a vida. Se a economia para, se tudo para, como é que vamos fazer?", justifica.

E acrescenta: "Nós que estamos coligados no mundo político e da economia estamos atentos. As pessoas perguntam o que a gente acha ou deixa de achar para ver como é que vão se posicionar. Essa é uma coisa normal da vida da gente que está no movimento sindical, conversando com o setor produtivo".

Okamotto sustenta a tese de que uma empresa da magnitude da Petrobras não pode ser prejudicada por conta das "dificuldades que teve de controle e outras coisas mais". Segundo ele, não se pode prejudicar "um conjunto de trabalhadores por conta desse negócio".

"Você tem hospital em que o médico pisou na bola; e fecha o hospital? Você tem uma empresa em que alguém pisou na bola; você fecha a empresa? Como é que funciona isso?"


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